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"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

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17
Dez06

Carta ao Sr. José Nunes, promotor de uma petição para revogação da TLEBS

Redes
(O texto, ao ser aqui editado, sofreu algumas modificações de forma)

A sua petição leva-me a colocar as seguintes observações:
 
- a Terminologia Linguística vem-nos dizer quais são os termos gramaticais mais adequados, direi mesmo, mais certos.
- a Terminologia Linguística foi experimentada antes de ser generalizada.
- quando se faz uma experiência pedagógica, não há "cobaias", há apenas a experiência que todos temos que fazer em todas as coisas na vida, essa coisa que muitos quereriam perene, mas que também acaba um dia, com melhores ou piores experiências.
- a Nomenclatura Gramatical de 1967 está actualmente errada. Continuar a aplicá-la é impossível para mim, porque estudei e sei que está errada. Não ensino coisas que sei erradas aos meus alunos. Há mais de 20 anos, que estamos quase todos ilegais!
- dou-lhe exemplos de coisas que quase todos os professores do 1º e do 2º ciclo ensinam que contradizem a NGP de 67: artigos, possessivos e demonstrativos como petencentes à classe dos determinantes; grupo nominal, grupo verbal e grupo móvel; frase simples e frase complexa.
- além disso, há imprecisões conceptuais e rupturas no ensino da gramática que a TLEBS vem resolver. Por exemplo, devido a uma lacuna programática no 2º ciclo, há professores que dizem que o predicado é o verbo; outros que dizem que o predicado é o verbo com os seus complementos (obrigatórios ou acessórios). Exemplifico:
Na frase,
"O governo revogou a Tlebs",
(1) uns dirão que o predicado é "revogou";
(2) outros dirão que é "revogou a Tlebs"
Os que optam por (2) estão de acordo com o que os professores do 1º ciclo ensinaram sobre os grupos de palavras da frase, já referidos acima, nominal, verbal e móvel. Os que optam por (1), entram em ruptura com o 1º ciclo. É como se dissessem: esqueçam isso do grupo móvel, do verbal e do nominal que isso agora não interessa para nada.
Quem tem razão? Agora o senhor julgue. Trata-se de gramática muito simples:
  • O verbo "revogar" exige um complemento.
  • "Revogar" é revogar "alguma coisa" que se acrescenta ao verbo.
  • É isso mesmo, o complemento directo, "a Tlebs" tem que fazer parte do predicado, porque é um grupo de palavras que está agarrada ao verbo.
Mas o senhor, com esta petição, quer que a má experiência continue.
 
Vale a pena continuar uma má experiência?
 
Reconheço que a intervenção da Professora Maria Helena Mira Mateus nesse programa da Antena 2 cria confusão. Além de não responder de uma forma assertiva a algumas das questões colocadas pelo jornalista - tenho a certeza que poderia fazê-lo -, revelou insegurança, quanto a mim injustificada.
 
Por exemplo, a propósito da distinção entre complementos e modificadores, peço-lhe que verifique se o seguinte trabalho é ou não é exequível para os alunos do 3º ciclo.
 
  • Vamos analisar a frase "Camões esteve em Macau".
  • "Em Macau" é um complemento ou um modificador?
  • É um complemento se o verbo exigir a sua colocação. É um modificador se o seu acrescento for opcional e não obrigatório.
  • "Em Macau" é um complemento porque o verbo "estar" exige um grupo de palavras à sua direita.
 
Agora teste a antiga NGP:
  • Acha que "em Macau" é uma circunstância de lugar de "estar"?
  • O que significa "estar" sem especificação de lugar ou qualidade, ou tempo, ou o que quer que seja?
  • Ele exige um complemento para significar alguma coisa!
  • Repare que a palavra "circunstancial" significa "acessório", "facultativo".
  • Por um lado, temos o acontecimento, por outro, temos circunstâncias de "tempo", "lugar", "modo" e um número quase ilimitado de outras "circunstâncias" (Como me lembro de tentar decorá-las! Companhia, instrumento, intenção, finalidade, causa, etc.)
 
Não tenho a menor dúvida que na frase abaixo, "em Macau", seria aceitavelmente, um complemento circunstancial de lugar, isto é uma circunstância da acção:
 
"Camões escreveu parte dos Lusíadas em Macau."
 
Seria um modificador, diríamos hoje, uma vez que reservamos a palavra "complemento" para as palavras que respondem a uma exigência do verbo.

Penso que, neste debate, todos podemos entrar desde que tenhamos a humildade de ouvir e testar os argumentos de todas as partes. É impossível intervir sem tratar da coisa propriamente dita: a gramática.

2 comentários

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    Redes 18.12.2006

    Ora aí está uma objecção válida que lhe agradeço. À partida, não concordo com o dicionário da Terminologia Linguística, quando admite um sintagma preposicional como predicativo do sujeito. Para mim tem de ser um Sintagma Nominal ou um Sintagma Adjectival.
    Quando aprofundamos a análise, ficamos sem solução, em circularidade, porque o "predicativo do sujeito" é-o porque há um verbo copulativo e este é-o porque há um predicativo do sujeito.
    Espero que este seja um dos itens que está a ser revisto na Base de Dados da Terminologia.
    No entanto, essa classificação não afecta o que pretendo demonstrar: "em Macau" é um complemento exigido pelo verbo!
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