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"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

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02
Jan07

Predicativo do sujeito

Redes
Eu não estava a ser exacto quando, em resposta à colega Inês Pinto, nos comentários a Carta ao Sr. José Nunes, promotor de uma petição para revogação da TLEBS, afirmei o seguinte:
"À partida, não concordo com o dicionário da Terminologia Linguística, quando admite um sintagma preposicional como predicativo do sujeito. Para mim, tem de ser um Sintagma Nominal ou um Sintagma Adjectival."
Descobri isso ao encontrar na gramática do Lindley Cintra e Celso Cunha um exemplo de predicativo do sujeito do seguinte género:
(1) O homem estava entre a vida e a morte.
A parte da frase assinalada a itálico seria para mim um predicativo do sujeito aceitável.
As minhas objecções eram na verdade de ordem semântica e não sintáctica.
Também, perante uma frase como a seguinte,
(2) O carro é do meu pai,
eu não teria dificuldade em aceitar o grupo assinalado com predicativo do sujeito, porque reconheceria aí a transformação do grupo nominal "o carro do meu pai" numa frase em que o verbo copulativo se limita a fazer uma ligação.
Concluí, então, que tinha caído no mesmo tipo de armadilhas que denuncio ao criticar os colegas que dizem aos alunos que o sujeito é "aquele que realiza a acção". Se, em vez de (1), a frase fosse
(3) O homem estava entre o Rossio e os Restauradores,
eu diria erradamente que estava perante um verbo locativo e um complemento preposicional, mas a frase tem exactamente a mesma estrutura da anterior.
A minha dificuldade compreende-se por quase não aparecerem nas gramáticas casos de grupos preposicionais como predicativo do sujeito e, ainda menos, com o significado de lugar, como era o caso em apreço. Mesmo no meu exemplar da Gramática... da Maria Helena Mira Mateus, os exemplos de predicativo do sujeito são grupos nominais ou grupos adjectivais.
Mas agora parece-me aceitável que qualquer complemento preposicional que se ligue ao sujeito através de um verbo copulativo, seja um predicativo do sujeito. O que está em causa é o tipo de ligação que o verbo realiza. Com efeito, se iniciarmos uma frase da seguinte maneira
(4) Camões esteve...,
as perguntas possíveis são as mais diversas - ONDE? COMO? O QUÊ? - e o tipo de grupos que lhes podem responder são também dos mais variados - grupos nominais, adjectivais, adverbiais e preposicionais, revelando, portanto, a significação indefinida do verbo.
Se o início da frase fosse
(5) Camões morou...,
a pergunta suscitada seria apenas ONDE? e a resposta um complemento preposicional de lugar.
 Portanto, em "Camões esteve em Macau", "em Macau" é predicativo do sujeito.

4 comentários

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    Redes 05.01.2007

    Olá,
    Também assinei esta carta - junto com mais 10 pessoas.
    Acho que é um posição justa: queremos que a Tlebs seja revista e que não percamos uma orientação tão importante para o ensino da gramática.
    Acho que a nossa obrigação é estudá-la, aplicá-la e criticá-la.
    Não sei se muitos dos que contestam a Tlebs sabem que não há aula que não seja uma experiência pedagógica! Caem no paradoxo de só querer experimentar coisas que já foram experimentadas e que o não serão por isso mesmo.
    Ora, o professor experimenta conteúdos, recursos e procedimentos no seu trabalho normal. Quando o faz, não é um cientista, é apenas professor. Quando o professor experimenta, não são os alunos que são cobaias, são todos os intervenientes que têm uma nova EXPERIÊNCIA.
    Os resultados da experiência passam não como a confirmação ou a infirmação de uma hipótese científica, mas como um ganho pela positiva ou pela negativa que é divulgado na comunidade escolar sob a forma de ondas que se espalham e entrechocam, porque os professores não aplicam protocolos científicos de forma a tornar as experiências comparáveis. As variáveis são imensas a começar pelos próprios professores, pelo conhecimento que têm e pela sua maturidade pedagógica, pelos alunos, e pelas mais variadas condições de trabalho.
    A inovação está sempre a aparecer e vem de todas as direcções: uso de recursos online, como webquests ou a plataforma Moodle , alterações nos conteúdos de várias disciplinas pelo avanço normal da ciência, recomendações sobre leitura compreensiva e leitura em voz alta, aperfeiçoamento de texto, tipos de discurso, individualização da aprendizagem, etc.
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    joana a louca 08.01.2007

    Essa petição surge anónima.Porque será?Assim pouca validade terá...
  • Imagem de perfil

    Redes 10.01.2007

    Não é uma petição! É uma carta dirigida à Sra. Ministra da Educação. Eu assinei-a com cerca de 10 pessoas. Colocámo-la na Net para dar conhecimento do que fizemos, para quem quiser proceder da mesma maneira, a possa imprimir, modificar ou não, e enviar, como manifestação de uma opinião partilhada. Repare que no "site" não há nenhum meio de assinar electronicamente o texto. Concordo consigo que era bom que as pessoas que concordam e enviam a carta dêem a cara que é o que eu estou a fazer aqui.
    Achamos que o número de pessoas, embora tenha a sua importância, não é o decisivo. Os governantes têm que decidir em função dos resultados esperados e da sua própria apreciação do valor intrínseco dos vários argumentos.
    É bom que as pessoas contra, a favor ou assim-assim, expressem a sua opinião.
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