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Sem Rede

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

Sem Rede

08
Dez05

O conceito de manual de Língua Portuguesa

Redes

Nos textos universitários de didáctica da leitura é
comum a crítica - ou mesmo, a denúncia - de textos
cortados, ou melhor, amputados, nos manuais escolares. Contudo, os
manuais escolares continuam a basear-se num conceito de antologia que
é predatório relativamente à coerência
tanto da história como do texto enquanto unidade estética
e mensagem.


Muitos alunos não lêem outra coisa que não os
textos dos manuais e ficam provavelmente com uma má imagem do
que é a leitura literária, ou, mesmo, do que é a
leitura de um texto com princípio, meio e fim. É, além
disso, o próprio conceito de livro que é prejudicado.


Os professores que pretendem proceder contra este estado de
coisas, enfrentam a omnipotência do manual como único
recurso que conseguem impor à generalidade dos alunos, na
presente situação. Escolher uma obra para leitura
completa na sala de aula é virtualmente impossível
porque os alunos mais carentes quer quanto aos meios sócio-económicos
quer quanto ao "habitus" escolar de que fala Bourdieu, são
os que mais precisam dessa aula de leitura e são precisamente
os que não compram o livro. De nada vale, pois que os manuais
incluam guias de leitura de "obra completa" porque não
serão realizadas pelos professores.


De facto, não há qualquer motivo para que os
conteúdos de Língua Portuguesa não sejam
trabalhados exclusivamente com textos inteiros, salvo uma ou outra
finalidade, em que se admita o corte (de facto, não me lembro
de nenhuma), a não ser o custo do manual e o problema dos
direitos editoriais.


Por isso, proponho, que o conceito de manual escolar de língua
portuguesa inclua a selecção de textos completos que o
autor do manual escolheu como objecto didáctico. Se esses
textos são uma edição escolar separada do
suporte do manual ou lá estejam incluídos é uma
questão menor, neste contexto. Assim a minha imagem do manual
de língua portuguesa para o 2º ciclo, inclui os seguintes
elementos:



- textos completos seleccionados pelo autor do manual - contos,
poemas, provérbios, etc... e novela(s) ou romance(s)
juvenil(is) -

- sequências de actividades e de fichas de auto-avaliação
destinadas ao trabalho autónomo do aluno.

- apêndice conceptual de gramática da língua, da
escrita, do texto e da comunicação, que completa os
conceitos dispersos pelas fichas de trabalho.

- guia pedagógico para o professor (que pode incluir outros
recursos, como planos de aula, propostas de actividades, através
dos quais o autor pretende influenciar e apoiar o trabalho do
professor).


À guisa de conclusão lembro que alguns dos tesouros
literários da humanidade foram "encomendas"
escolares feitas pelos governos aos autores. Cito dois exemplos: A
Viagem Maravilhosa de Nils Holgersson de Selma Lagerlof e A Mensagem
de Fernando Pessoa. É uma incrível traição
que o sistema de ensino esteja a destruir estes textos nos manuais
escolares!


(publicado no Netprof:
http://www.netprof.pt/servlet/forum?TemaID=NPL0129&id=492&msg=3620)


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