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"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

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27
Nov06

TLEBS comparadas.

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Isto da TLEBS está a dar-me muito trabalho. Houve um momento em que me questionei sobre se devia seguir ou rejeitar a TLEBS, dilema que pus em discussão no meu grupo. O argumento forte para rejeitar a TLEBS, pelo menos este ano, era a falta de materiais didácticos adequados para os alunos. Mas ninguém quis tomar uma posição explícita, o que compreendo muito bem, pois isso poderia ser lido de duas maneiras:
- desobedecer a uma ordem governamental;
- confessar a nossa incompetência para produzir os materiais supletivos necessários.

Mas o que me está ainda a complicar mais a tarefa são os comentadores, isto é, essa espécie de intelectuais que sobre quase tudo escrevem, com espaço privativo, de destaque, nos grandes jornais. Quando os leio, vejo-me de tal maneira perseguido pelos seus argumentos, que tenho que verificar a sua justeza e formar uma opinião.

Uma dos argumentos contra a TLEBS apresentados pelo Vasco Graça Moura é que a nova terminologia iria criar problemas à aprendizagem de outras línguas. Dei-me então ao trabalho de verificar várias gramáticas de língua francesa, para começar a fazer a respectiva comparação terminológica.

Quando estudei inglês, em miúdo, um dos tópicos era o dos "countable and uncountable names", que agora entraram para a terminologia oficial portuguesa. Acontece que essa classificação dos nomes parece-me ainda mais relevante em Português do que em Inglês: os ingleses não variam o artigo definido no plural: "the boys eat the rice" é, em Portguês, "Os rapazes comem o arroz", mas um principiante que ignorasse que "arroz" também era um não contável em Português, bem poderia errar e pôr os dois artigos no plural,  "Os rapazes comem os arrozes". Assim é também em francês e muitas gramáticas que encontrei na Net incluem essa classificação.

Na generalidade das gramáticas pesquisadas, "cahier" seria classificado como um "nom" e não como um substantif, apesar de algumas colocarem as duas designações lado a lado: "nom ou substantif" - veja por exemplo, "Grammaire et ortohgraphie", http://membres.lycos.fr/clo7/grammaire/grammair.htm.

Lá, como cá há bastantes anos, os determinantes (déterminants) incluem os artigos (articles), os possessivos (adjectifs possessifs) e os demonstrativos (adjectifs démonstratifs), mas ainda incluem os indefinidos (adjectifs indéfinis) e os numerais, "adjectifs numéraux" que na nossa terminologia passaram para a classe dos "quantificadores", embora a função de quantificar os nomes lhes seja attribuída no texto dessas gramáticas.

As noções de "grupo nominal", "grupo adjectival", "grupo adverbial" e "grupo preposicional", totalmente estranhas às nossas gramáticas anteriores a 1974, são um item obrigatório da gramática escolar francesa, ou do Québec. Veja como em "Grammaire", se propõem exercícios sobre o grupo nominal para o primeiro ciclo ("group nom"), http://www.csdm.qc.ca/petite-bourgogne/signet/grammaire.htm.

Lá está, também, nalguns "sites", a classificação semântica dos advérbios num número um pouco extenso de subclasses que incluem as de modo, tempo, lugar, afirmação, intensidade, negação, etc.. Na leitura que faço da TLEBS, a distinção entre disjuntos e adjuntos não tem que preceder didacticamente estas ditas subclasses, pela simples razão de que respeitam a critérios diversos, bastante independentes.

Uma das caricaturizações feitas da subclassificação nominal é a da sua extensão: "gato" é um nome comum, cncreto, contável, animado, não humano, masculino singular". Em nenhuma outra disciplina se espera que se faça uma coisa destas, pois quando se pede uma classificação, enuncia-se um critério, seja um gás quanto à densidade em determinadas condições de pressão e temperatura ou quanto ao aspecto, etc.. Não temos que exigir que os alunos decorem todas as classificações, mas que saibam aplicar critérios. Várias das gramáticas que vi têm a classificação dos nomes de acordo com esses critérios. Veja-se, por exemplo, "La grammaire interactive" em http://grammaire.reverso.net/index_alpha/Fiches/fiche2.htm que inclui: próprio/comum, "Noms communs et noms propres"; contável/não contável, "Noms comptables et noms non comptables"; animados/não animados, "Noms animés et noms inanimés"; colectivos, "Noms collectifs". Trata-se de uma classificação  semântica inteiramente pertinente por causa das suas consequências sintácticas, por exemplo, no que respeita ao género dos nomes animados, ou no que respeita ao plural, no caso dos não contáveis, ou do uso do artigo indefinido no caso dos não contáveis.

Parece-me que, a TLEBS está nos aspectos mais relevantes de acordo com a gramática escolar francesa e Vasco Graça Moura não tem razão no que escreve.
27
Nov06

O género de um cão - comentário a M.S.Tavares

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Caro Miguel, o seu cão bem pode ladrar contra a TLEBS, mas o que ele nunca será é um objecto gramatical.
Apesar de ter substância, não será nunca um substantivo, nem masculino, nem feminino. Se insiste na masculinidade do bicho, isso apenas o emparelha com terreno, carro, tiro, pau e sofá, etc., isto é, um montão de coisas do mesmo género, mas que não entram na zoologia, do mesmo modo que ele.
A gramática de que estamos a tratar diz respeito à língua, mas ela não é a língua que todos nós falamos, mas sim um discurso sobre ela. Os setecentos anos da língua não são os mesmos da gramática. E, tanto uma como outra, sofreram muitas mudanças nesse decurso.
Se acha que devem ser os pais a ensinar a gramática às criancinhas, para que serve a escola? Os pais inteligentes sabem que para ensinar as criancinhas em matérias em que não são especialistas, ou mesmo em que o sejam, têm que ver os textos por onde os filhos estudam. É isso que eu faço!
Meu caro, Miguel Sousa Tavares, há mais de 20 anos que eu ensino aos meus alunos do 2º ciclo que o artigo é um determinante. Para a maior parte deles isso é canja! O mesmo acontece com a designação de "nome", que já aparecia na gramática do João de Barros (1540).
Se um aluno meu disser que "cão" é um substantivo, eu direi: "Certo! É o mesmo que nome". Mas o que eu ensino é que "cão", não o seu, evidentemente, é um nome.
Não sei que gramática o acompanha, mas, se eu lhe fizesse a relação dos termos gramaticais de muitas das gramáticas anteriores à TLEBS, o senhor ficaria espantado. Por exemplo, a do Celso Cunha e a do Lindley Cintra. Pois lá está "nome epiceno", parassíntese, modificadores, adjunto adnominal, adjunto adverbial, adjectivo adjunto adnominal, pronome oblíquo, gerúndio anteposto, oração coordenada sindética, orações adjectivas restritivas, silepse de género, etc..
Provavelmente, demasiada conversa para quem se fica pelo substantivo masculino, singular e, por isso mesmo, deveria desistir de ensinar gramática.
26
Nov06

Advérbio disjunto restritivo do valor de verdade da asserção

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Diz Maria do Carmo Vieira (http://ciberduvidas.sapo.pt/controversias/311006_19.html) que na TLEBS existe esta designação, mas a única subclasse que eu encontro é a dos advérbios disjuntos, sem mais nenhuma especificação.

Se um manual do 7º ano inclui isto como um conceito a aprender, está errado. A TLEBS não vem resolver o problema da didáctica no ensino da gramática. Os manuais são sempre um problema! Eu preferia trabalhar sem eles, mas, infelizmente, a decisão não compete ao professor, mas sim à escola!

Eu, por exemplo, no 2º ciclo, não vou dar aos meus alunos a distinção entre advérbios adjuntos e advérbios disjuntos. Como as duas classificações dos advérbios se reportam a critérios diferentes, acho perfeitamente legítimo explicar-lhes o que são advérbios de modo, de lugar e de tempo, assim como de afirmação, de dúvida e de negação (as chamadas classes semânticas).

Mais tarde, num outro nível de análise sintáctica, outro professor poderá mostrar-lhes como uns podem "completar" ou "modificar" verbos ou adjectivos (para simplificar) e outros podem modificar frases.
26
Nov06

Uma estrofe dos Lusíadas lida pela TLEBS

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Num texto publicado a 22/11/2006 no DN, agora antologiado no Ciberdúvidas, Vasco Graça Moura (VGM) dá-se ao trabalho de analisar um exercício feito por professores numa acção de formação da TLEBS. É uma apresentação que já há algum tempo andava na boca do mundo, quero dizer, dos blogs.

Para ler o artigo do VGM, a que me reporto, clique aqui.

O exercício criticado encontra-se no sítio da DGIDC, para o qual não consigo fazer a hiperligação, porque o "site" está muito lento. Já o tenho há muito tempo no meu computador, por isso, copiei-o para uma pasta da Net e coloco aqui a ligação. Clique aqui:
Trabalho sobre uma estrofe dos Lusíadas, feito por professores da Escola José Régio de Portalegre.

Eu fiz muitos exercícios deste género no meu 5º ano do liceu. Ler estrofes d'Os Lusíadas, a desfazer anástrofes, a identificar as frases coordenadas e subordinadas é um bom exercício de análise gramatical que, não dará muito prazer à maioria dos alunos.

Mas nada na TLEBS sugere que a obra, Os Lusíadas, seja lida inteiramente dessa maneira.

O material disponibilizado no sítio da DGIDC tem um valor muito desigual. Alguns são medíocres, outros são bons. Está lá a título de trabalhos realizados nas acções de formação da TLEBS. Alguns apresentam no fim, conclusões da avaliação do trabalho realizado com os alunos, nem sempre abonatórias para os conceitos da TLEBS!

Há mesmo trabalhos que incluem termos já alterados pela TLEBS, o que é um erro grave.

De facto, com um material que é eventualmente útil, mas tem muitos erros, o Ministério não lhe deveria chamar "Materiais de Apoio".

Vejo este exercício sobre a estrofe de Camões, mais como um trabalho dos próprios professores a apreenderem as noções da TLEBS. Para os alunos seria demasiado complexo, com terminologia desnecessária, não por ser TLEBS, mas por demasiado picuinhas na análise gramatical.

A estrofe analisada é a seguinte:

Aqui os dous companheiros conduzidos
Onde com este engano Baco estava,
Põem em terra os giolhos, e os sentidos
Naquele Deus que o mundo governava.
Os cheiros excelentes, produzidos
Na Pancaia odorífera, queimava
O Tioneu, e assim por derradeiro
O falso Deus adora o verdadeiro.
(Estrofe 12, Canto II)

VGM começa por contestar a ambiguidade linguística do nome próprio Deus. A ambiguidade linguística é essencial ao jogo literário. Quando Camões diz "Naquele Deus", transforma-o em nome comum. Pois só faz sentido usar "naquele", na medida em que ele vem falando de outros deuses (Baco, no caso). Experimentemos alterar e pôr Jeová, e perder-se-ia este jogo e não se aceitaria "Naquele Jeová". Não haveria Deus como nome próprio: seria um deus contra outro.

Esta ambiguidade é desfeita, num nível superior, suprasegmental, com a expressão, "falso deus". Se é falso, não existe. Ambiguidade, sim! Entre "Deus" e "falso Deus". Portanto, não concordo com VGM, quando diz que:

«A expressão "naquele Deus" não o dessingulariza. Não pressupõe, antes exclui a existência de outros. Basta ler. É um mero expediente enfático e métrico.».

Pouco importa que se tenha escolhido "naquele" por causa da métrica (não sabemos se é esse o caso). O facto é que está lá!

Todos entendem que a ambiguidade linguística de "Deus verdadeiro" e de "Deus falso" é resolvida na estrofe, mas o trabalho poético consistiu em gastar alguns versos a pôr um Deus falso a adorar um Deus verdadeiro. Ora se é falso, não existe, e não pode adorar o verdadeiro. É este o jogo de Camões que, quanto a mim, inclui a negada dessingularização.

De resto, em qualquer Gramática a singularidade dos nomes próprios continua a ser um problema: "Mas que António é esse?" Se alguém formula a pergunta assim, põe em dúvida a singularidade do referente.

VGM assinala justamente erros no trabalho, como "aquela Pancaia" ser na verdade "a Pancaia". Não há nada no texto que permita concluir que a Pancaia é perífrase de "ilha", a não ser recorrendo, ao que Umberto Eco designa por enciclopédia. Concluindo: a Gramática não substitui a Retórica, nem a necessidade de conhecimento histórico e cultural para compreender o texto.

Quanto à complexidade terminológica, tudo se resume ao seguinte: um nome, numa frase, é o núcleo de um grupo nominal que pode desempenhar as funções de sujeito, complemento directo, predicativo do sujeito, predicativo do complemento directo e outras. O problema está em descobrir a sua função, numa anástrofe. Daí a complexidade da designação, num momento anterior à determinação:

"Núcleo de um grupo nominal em posição pré-verbal", por exemplo, antes de determinar que "o mundo", apesar de estar antes do verbo, é Complemento Directo.

Quanto aos conceitos, quando VGM diz que "noções reaccionárias como sujeito, predicado, complemento directo, complementos circunstanciais, dão lugar a embrulhadas rebarbativas" está a ser tão exacto quanto os autores com "aquela Pancaia". É que os três primeiros termos são usados no trabalho e estão na TLEBS.

Quanto aos "complementos circunstanciais" acho adequada a sua substituição por "modificadores", uma vez explicado que "complemento" é um grupo exigido pelo verbo, pelo nome, ou por um adjectivo.

Para mim, qualquer terminologia que dê conta da diferença entre a obrigatoriedade ou a acessoriedade do acrescentar de um sintagma estará certa. A noção de "circunstancial" sugere a inclusão de circunstâncias de uma acção. Ora, muitas vezes, os ditos complementos circunstanciais não são circunstância, são a própria acção: "Fui a Paris". O verbo pôr implica complemento directo (os joelhos) e locativo (em terra). Ao passo que o verbo produzir exige apenas complemento directo.

Concordo inteiramente que o poema deve ser lido com o mínimo de gramática e retórica e informação enciclopédica necessária à sua compreensão. Aqui e ali poder-se-á desfazer umas anástrofes de modo explícito. Pode-se também utilizar o texto para análise gramatical, para evidenciar a sua complexidade linguística e para fazer exercício. Mas, a gramática deve ocupar uma parte pequena no trabalho da leitura d'Os Lusíadas.

O exercício feito aqui com terminologia gramatical renovada não é mais maçador do que aquele que eu fiz no meu 5º ano do liceu, com a divisão de orações, a classificação de palavras, etc. Até que ponto é que, apesar de "maçador" é necessário, é uma questão que aos professores cumpre responder.
26
Nov06

Nomes e substantivos

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Para ser mais exacto, devo acrescentar que João de Barros considerava adjectivos e substantivos como subclasses dos nomes, dando continuidade à distinção aristotélica entre substâncias e qualidades. Mas será adequado defender hoje em dia que há uma substância a que atribuímos qualidades? E então quando o substantivo for o nome duma qualidade: beleza, por exemplo? Numa expressão como "O quadro é de uma beleza sublime", torna-se uma substância, enquanto em "O quadro é belo", é belo que é o nome da qualidade que atribuímos à substância do quadro?
24
Nov06

A tradição gramatical

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Muito engraçado! Há sempre alguém que nos dá mais uma dica. Motivado pelo debate da TLEBS, tinha na ideia, ir ver a velha gramática (1540) que o João de Barros fez para o seu príncipe e a, também pioneira, do Fernão de Oliveira. Ainda não tive tempo para isso.
Mas, agora, ao espreitar o valiosíssimo Ciberdúvidas, dei com uma citação do João de Barros, feita pela Filomena Viegas, a propósito da substituição do termo "substantivo" por "nome" que já vimos ser motivo de crítica pela Alzira Seixo, em defesa da tradição:
“todalas linguágens tem dous reis diferentes em género e concórdes em ofiçio: a um chamam Nome e ao outro Verbo"
Interessante! Não consta que João de Barros tivesse sido defensor da gramática generativa.
(http://ciberduvidas.sapo.pt/php/portugues.php?id=130)
23
Nov06

Um ruido ensurdecedor

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No debate sobre a TLEBS, investe-se tudo o que há à mão para atirar. Vários comentadores ficam nus, pois mostram a sua ignorância ou a falha num tópico - a gramática, qualquer que ela seja - a dita tradicional, a generativa, a funcionalista, a estruturalista, pouco importa, como o José Viegas a falar dos nomes epicenos, como se fosse coisa nova. Eu também não me lembraria, assim de repente. Mas tive o cuidado de, para cada item, socorrer-me de várias gramáticas, à medida que ia lendo a Terminologia.
Mas o que mais impressiona nisto tudo, é a mistura que se faz das coisas mais díspares: é mais uma pedra para atirar à ministra de entre várias outras que se arrolam.
No meio disto tudo, há uma luta interdepartamental, entre linguistas e homens da literatura.
Um comentador acusava a TLEBS  de destruir o ensino da literatura, numa reedição da velha crítica de se sujeitar Os Lusíadas a exercícios de divisão de orações, no velho quinto ano dos liceus!
Parece querer-se arregimentar, dum lado, os linguistas, do outro, os literatos, forçando toda a gente a uma profissão de fé: "De que lado é que está?"
Eu, por exemplo, sou um defensor do cânone literário, dos livros que a história da literatura seleccionou como os melhores, os mais relevantes. Acho que a leitura desses textos deve valer por si própria e não como meios de desenvolver competências linguísticas ou discursivas em determinados modelos de texto, embora creia que a leitura de tais textos  contribuirá para o desenvolvimento dessas ditas competências. A leitura deve servir-se de informação cultural, histórica, enciclopédica, mas também de análise gramatical e retórica, na medida certa.
Outra questão é a de que conceitos gramaticais é que nos devemos servir. Actualmente, não há nenhuma unidade terminológica. A que existe legalmente não é seguida há muito tempo, nem o poderia ser. Há professores que ensinam o mesmo tópico duma maneira, outros de outra, no mesmo nível de ensino.
A unificação da terminologia linguística deve ser discutida no seu próprio campo, o da gramática, conceito a conceito. Quem quisesse, devia já ter dado a sua contribuição, substantiva, nos anos em que nos Encontros de Professores de Português o assunto esteve em discussão.
Como acha que devemos definir Sujeito de uma frase? O que é e como se determina o Predicado? Estas questões parecem ser demasiado comezinhas para os grandes e pequenos críticos da TLEBS. Só linguistas, metódicos, que amam a língua e as línguas, é que têm investido neste trabalho.
Depois, há um outro campo, que é o de como é que vamos introduzindo as noções gramaticais no Ensino Básico e Secundário. Estas são, para mim, as únicas coisas que interessam. Quanto ao resto, esqueçamos.
20
Nov06

A TLEBS - um trabalho de rigor científico e didáctico, na voz da Alzira Seixo (3)

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Tenho que tirar o adjectivo "disparatada" à voz da Alzira Seixo, não por ela ter sido minha professora e por eu a estimar muito, mas por se tratar de uma outra ordem de artigos, totalmente diversa dos anteriores, pela economia verbal e pelo nível teórico em que se situa.

Pouco me importa que a TLEBS seja ou não dominada pela perspectiva Teórica da Inês Duarte que conheço da Gramática da Maria Helena Mira Mateus, de inúmeros artigos e conferências, da polémica com o VGM, em que não tenho a menor dúvida em estar do lado dela e, enfim, considerar que o VGM polemiza quase porque tem de polemizar, generaliza  juízos que não têm razão de ser, e isto leva-nos, muitas vezes, a perdas de tempo.
Ora a TLEBS reivindica neutralidade teórica e quer-me parecer que a acusação da Alzira Seixo fica-se pelas palavras dela. Isto é, não nos diz como deveria ser.
Enquanto os linguistas estudam a língua como um objecto vivo, os literatos remetem para a tradição dos textos. Muitos dicionários, justificam as suas entradas, com passagens do cânone literário e o mesmo fazem muitas gramáticas.
Contudo, da mesma maneira que a gramática foi influenciada nos seus primeiros tempos pela tradição latina, forçando muitos conceitos a se adequarem às bárbaras línguas novilatinas, também hoje a linguística influiu em tudo, foi o paradigma do estruturalismo literário e, claro, veio também, alterar o nosso conceito de gramática.
Tudo se resume ao seguinte: havia incongruências, contradições, definições insatisfatórias na gramática tradicional que a linguística nos veio ajudar a resolver, alterando-os com a sobriedade científica que a norteia.
As disciplinas citadas pela Alzira Seixo estão implicadas neste trabalho: a semântica frásica, a teoria da enunciação, os actos de fala de Searle e Austin, a teoria dos argumentos ou dos casos de Filmore estão implicados no trabalho da Gramática da Maria Helena Mira Mateus.
Pouco importa que os estudiosos da literatura também os utilizem. A Semântica e a Filosofia da Linguagem não são de ninguém - são imprescindíveis para todos os estudos literários ou linguísticos ou gramaticais. Não sei se não se está a colocar aqui uma questão interdepartamental que a nós professores pouco interessa.
A crítica aos conceitos da TLEBS socorre-se de expedientes indevidos e fica-se pela generalidade. Por exemplo, Alzira Seixo critica-a por a Semântica estar ausente, mas não dá um só exemplo dessa falta.
Em certo momento, socorre-se de um termo extenso, "o advérbio de modo «supostamente», classificado como «advérbio disjunto restritivo da verdade da asserção»; imaginem uma criança a decorar isto!". Ninguém diz na TLEBS que esse termo, ou qualquer outro com essa complexidade, é para ensinar às crianças. Além disso, nunca vi "supostamente" como advérbio de modo! A terminologia vai de encontro à classificação desses advérbios como tendo a ver com a verdade da afirmação, portanto, como um advérbio de negação ou dúvida porque, quando digo "supostamente" estou a pôr em questão o valor da verdade do que digo a seguir. Não é novidade da TLEBS!
Quanto à preferência por nome ou substantivo, não sei o que dizer. Mesmo que a TLEBS optasse por substantivo, a verdade é que nós professores, já há mais de 20 anos que usamos "nome". "Substantivo", sim, seria uma grande mudança!
Em termos filsóficos, não concordo com Alzira Seixo. Não há uma substância específica das palavras que faça delas substantivos. Se eu digo "liberdade", "amor", "vaidade", "pertinência", qual é a sua substância, em termos aristotélicos, ou de qualquer outra índole? A substância de "amor" é diferente da de "amar", ou de "amado" ou de "amorosamente"? Precisamente o que distingue estas palavras é a sua função, o acto de nomear é diverso do de adjectivar, do de modificar o sentido de um verbo, de uma frase ou de um adjectivo.
Parece-me haver uma confusão entre a designação do tempo e modo verbal e o seu valor temporal e aspectual. O presente do indicativo serve para referir futuro próximo "vai chover", a intenção, "Vou ao cinema", o habitual, o repetitivo "estudo física", mas nunca o momento presente da enunciação.
Para isso, é necessário recorrer a perifrásticas do tipo "estou a estudar". Não se entende aqui a referência à estilística de Rodrigues Lapa, pois estes usos são do domínio comum, da língua viva e não do texto literário, mas também são deste, na medida em que neles transparece a língua viva, ou seriam textos mortos, sem interesse.
Não deixa de ser estranho que Alzira Seixo considere a TLEBS como radicalmente inovadora e não apresenta um só único exemplo de tal radicalidade: supostamente "supostamente" seria um advérbio de modo, mas consultei várias gramáticas tradicionais que o negam.
Acho que Alzira Seixo dá-se melhor com a teoria dos géneros literários do que com a gramática, seja tradicional, seja "radicalmente inovadora"!
(Não me tomem demasiado a sério, este foi um texto rápido da professora que admiro e prezo! Mas é pena que muitas pessoas de grande valor se desgastem nestes exercícios críticos cheios de fissuras.)
Para ler o texto da Professora Alzira Seixo, por favor veja na ciberdúvidas: http://ciberduvidas.sapo.pt/controversias/311006_6.html
20
Nov06

A TLEBS - um trabalho de rigor científico e didáctico, na voz disparatada dos "intelectuais" (2)

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Reporto-me agora ao artigo do Vasco Graça Moura, publicado no Diário de Notícias de 6 de Novembro de 2006.

O problema dos manuais escolares é, na verdade, algo que nós professores sentimos. Por um lado, acho que a introdução da nova terminologia deveria ser sincronizada com a introdução de novos manuais escolares. Por outro, acho que aceitar esse condicionamento tem como corolário considerar-nos incapazes de produzir materiais supletivos.
Mas, ainda há mais. A nova terminologia surgiu pela necessidade de unificar termos diferentes. Não é só de agora que os pais dizem que não compreendem a gramática que os filhos estudam. Já há mais de vinte anos que isso acontece: "no meu tempo, era sujeito, agora é sintagma nominal". Isso é uma prova do equívoco, pois não houve até hoje nenhum programa que ordenasse a substituição de sujeito por sintagma nominal. O facto é que a muitos professores, falta formação científica na área da linguística e formação técnica no ensino da gramática, para não dizer noutras áreas mais específicas e as mudanças são compreendidas de uma forma muito superficial, do género, "agora isto passa a ser aquilo".
Ora, há manuais escolares que dizem, por exemplo, que o sujeito é uma coisa, outros que dizem que é outra. Portanto, não é a Nova Terminologia que vem criar o caos.
O que Vasco Graça Moura parece querer dizer é que o ensino deve ser indiferente à ciência. Ora, por um lado, complementos circunstanciais não é sinónimo de modificadores, por outro, não vejo, porque é que aquele seria preferível ou mais fácil. Se dissermos "O João foi a Paris", "a Paris" é um complementos circunstancial de lugar na gramática que eu estudei no 4º ano do liceu, mas, actualmente é considerado um complemento obrigatório do verbo "ir", pois ir é "ir a algum lugar". Na frase, "Ontem, almocei em Paris", "em Paris", igualmente, complemento circunstancial de lugar, não é exigido pelo verbo "almoçar".
A distinção entre complementos e modificadores dá conta de um facto linguístico que a noção de complemento circunstancial de lugar ignorava. Se nós adoptarmos uma metodologia em que os alunos experimentam a relação entre verbos e os grupos que se colocam canonicamente à sua direita, os alunos vão verificar que uns acrescentam informação circunstancial, acessória, outros são exigidos pelo próprio verbo.
Isso da pedagogia, didáctica e sociologia educativa, é totalmente gratuito. O ensino da gramática está estreitamente relacionado com as concepções linguísticas actualmente dominantes. O mesmo se pode dizer da gramática da língua estrangeira ser comprometida pela mudança da portuguesa! Ora, até se podia dizer o contrário! Por exemplo, introduz-se a noção de nome contável e não-contável, que é um velhíssimo tópico no ensino do inglês, "countable and uncountable names".
Tudo o que ele diz sobre África é, desculpe-me o senhor Professor e distinto poeta, senhor turbo-escritor de nomeada, é, além de ofensivo, estúpido. Bem o vi no caso do acordo ortográfico a remar contra toda e qualquer cedência aos brasileiros, no sentido de nos acordarmos. Agora, quer condicionar a nossa gramática às condicionantes alheias. É que nem os nosso amigos da Universidade Eduardo Mondlane lhe agradecem o paternalismo!

Veja aqui o texto criticado

 

Ainda a TLEBS

Vasco Graça Moura

Das complexidades inadmissíveis da nova terminologia linguística para os estudantes do ensino básico e secundário (TLEBS) já se tem falado com mais ou menos pormenor. Da dificuldade de adaptação dos professores à nova terminologia, bem como ao seu manuseio, e da impossibilidade prática de os alunos a compreenderem, também já se falou, antevendo-se as piores catástrofes. Da preparação de manuais que a apliquem tem-se falado menos.
Todavia, há mais de um ano que o Ministério da Educação comunicou às escolas dever a TLEBS constituir uma referência no tocante às práticas lectivas, à concepção de manuais e aos documentos produzidos em matéria de ensino e divulgação da língua portuguesa.

A estratégia irresponsável de quem, no ministério, paraninfa tão zelosamente estas bizarras inovações está à vista: se a TLEBS começar a ser consagrada nos manuais, as coisas tornam-se irreversíveis porque os editores de livros escolares não quererão, depois, ver desperdiçado o investimento que fizeram...

Entretanto - e este ponto põe mesmo em questão as próprias políticas do ministério em matéria de contenção do dispêndio das famílias com manuais escolares - os pais, esses, lá voltarão a desembolsar mais dinheiro de ano para ano, porque os manuais anteriores deixam de servir!

Ora, sendo, proclamadamente, progressiva a implantação da TLEBS nas práticas lectivas, na concepção dos manuais e nos documentos produzidos na matéria, isto quer dizer que esse fluxo derrancante das economias familiares não parará tão cedo...

Também não se tem falado de outros aspectos que se afiguram da maior relevância. O primeiro respeita, precisamente, ao papel dos responsáveis pela educação fora da escola. Numa área como a da aprendizagem da língua materna, em que a família tem um papel extremamente importante e em que muitos pais colaboram regular e validamente com os filhos ajudando-os a estudar, vai tornar-se inviável que o façam. Se, mesmo para os professores mais preparados (e, a avaliar pela generalidade dos resultados do ensino do português, eles não serão muitos...), a adaptação se vai tornar dificílima, para os pais, então, a gramática portuguesa tornar-se-á uma espécie de sânscrito ou de chinês.

O que me parece ser o grande equívoco da TLEBS é que ela confunde o plano científico (não interessa se discutível ou indiscutível) da compreensão e descrição das funções das várias categorias gramaticais com o plano prático e didáctico da designação delas. Ora a manutenção de uma terminologia mais ou menos tradicional não inviabiliza de todo a questão científica. Se se está habituado a falar em "complementos circunstanciais", por exemplo, a análise científica não impõe que se passe a chamar-lhes "modificadores", mesmo que conclua que o são. Outras ciências, como a pedagogia, a didáctica ou a sociologia educativa podem perfeitamente concluir que a inovação é nociva e desajustada, por muito científica que se proclame...·
Por outro lado, no tocante à aprendizagem de línguas estrangeiras, nomeadamente do inglês logo no básico e, depois, ao longo do secundário, que é uma das bandeiras da política educativa do Governo, está à vista a confusão que acabará por se gerar, ao longo dos curricula escolares, com o recurso simultâneo a nomenclaturas gramaticais completamente diferentes... Tudo com os resultados brilhantes que também se antevêem... A menos que se espere que os jovens vão aprendendo outras línguas sem tocarem nas gramáticas respectivas.

E, depois, considere-se a cooperação com os PALOP. Em África, onde o português é uma língua veicular, as estruturas do ensino são frágeis, os professores são poucos, a preparação pedagógica é deficiente, os livros são difíceis de obter e, muitas vezes, os instrumentos imprescindíveis de trabalho nesta matéria são aproveitamentos de materiais que já não são utilizados em Portugal. E onde, conforme as áreas da latinofonia ou da anglofonia, há uma grande concorrência de outras línguas europeias com a nossa.·
Já se pensou na trapalhada sem nome que a TLEBS ali vai gerar? Na confusão indescritível em que professores e alunos africanos vão ser lançados? Nos custos editoriais desnecessários em que as autoridades desses países terão de incorrer? As coisas anunciam-se de tal modo perturbantes que se acabará por desejar que, a bem da língua, a cooperação quanto ao ensino do português em África seja confiá-lo a professores brasileiros...

 

 

 

 

20
Nov06

A TLEBS - um trabalho de rigor científico e didáctico, na voz disparatada dos "intelectuais" (1)

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Insiro aqui o meu comentário ao artigo do Francisco José Viegas sobre a TLEBS

(Agradecimentos ao Carlos Cipriano que me tem chamado a atenção para estes textos com muitos bons reencaminhamentos)

Veja o texto do F.J.Viegas, mais abaixo

Lamentavelmente, Francisco José Viegas não diz absolutamente nada. Divertiu-se a ler a dita TLEBS, achou abstrusos alguns termos... Ok, ok, não acho que todos os intelectuais do momento tenham que se pôr a par da TLEBS, nem que esta seja indiscutível. Mas que tal ficarem calados em vez de fazer barulho sem dizer nada?

O que muda varia de nível de ensino para nível de ensino. Para cada mudança, há uma explicação linguística válida. Posso estar de acordo ou não com tais ou tais termos ou conceitos. Mas, neste tipo de intervenções, não há nenhuma contribuição nesse sentido.

O mais importante não é a terminologia utilizada, mas sim o próprio exercício de análise gramatical. Mas, já agora, porque não fazê-lo com termos adequados?
A Terminologia veio apenas unificar conceitos já desactualizados na Nomenclatura Oficial de 1967. E, claro, tem meia dúzia de inovações, mas a maior parte corresponde à prática actual da maior parte dos professores.

Que tal dizer, por exemplo, como alguns professores fazem ainda, infelizmente, que "o sujeito é aquele que realiza a acção"?

Então, em "O João partiu as pernas" qual foi a acção do João? Partir as pernas! Má acção! Acontece que não foi ele, foi um colega, que lhas partiu num jogo de futebol, pois a frase fala do que aconteceu ao João e não do que o João fez.

Mais: o predicado é a acção do sujeito: "Acabou o vinho" é uma acção do vinho?

Outro exemplo, pergunte ao verbo QUEM? para obter o SUJEITO e O QUÊ para determinar o COMPLEMENTO DIRECTO.

As varizes angustiam Eva. QUEM? Eva ou as varizes? O QUÊ? As varizes ou Eva?

Então vamos fazer de conta que todo o avanço linguístico das décadas de 50 e 60, incluindo o estruturalismo do Jacobsen, o funcionalismo do Martinet e a gramática generativa do Chomsky, e o trabalho dos nossos linguistas, como o grupo da Maria Helena Mira Mateus que inclui autoras da TLEBS não têm nada a ver com o ensino da gramática.

Para num gesto de enfado, nos rirmos deste ou daquele termo e dizermos "Para quê?"
Não conheço as objecções da Maria Alzira Seixo, apenas espero que sejam alguma coisa que valha a pena ler.

Para ser justo com este grupo da Universidade de Lisboa, tenho que dizer que sei que há vários anos que eles trabalham em conjunto com professores (nos Encontros de Professores de Português da APP.


O ensino do pobreportuguês
(publicado no Jornal de Notícias de Segunda-Feira, 13 de Novembro; tb. em http://jn.sapo.pt/2006/11/13/opiniao/o_ensino_pobreportugues.html)

Durante alguns dias e noites entretive-me a tentar exercitar-me na TLEBS, ou seja, "terminologia linguística para os ensinos básico e secundário". O documento básico já está publicado (e disponível na Internet) e há escolas que têm vindo a servir de cobaias para experiência tão enternecedora no domínio do ensino do português. O trabalho não tem sido fácil, porque a TLEBS tem coisas que se aproximam do absurdo. Apesar de tudo, tem havido algumas vozes a insurgir-se contra esse desmando que visa torpedear e tornar cada vez mais estranho o ensino do Português. Recentemente, por exemplo, Maria Alzira Seixo escreveu, na "Visão", um artigo que chamava a atenção para algumas das características mais absurdas da TLEBS. Poucos se têm interessado sobre o assunto, e a TLEBS passará por ser esquecida; hão-de deixá-la passar na resma de reformas que os superiores génios instalados no Ministério da Educação periodicamente apresentam. Ora, a TLEBS, proposta por uma equipa de excelentes e preocupados linguistas, não é um avanço; constitui, pelo contrário, uma distracção letal por parte dos responsáveis políticos do Ministério da Educação, o que pode fazer pensar que áreas tão importantes como o ensino do Português (ou o que deve ser ensinado quando se ensina Português) devem ser deixadas ao arbítrio dos especialistas. No caso, dos linguistas. Esta ideia de que o Português é propriedade de um grupo de génios que, provavelmente, detestam o Português, pode e deve exterminar-se. Parar a TLEBS é apenas uma etapa para defender o ensino do Português.

Entretenham-se a consultar o documento, entretenham-se. Só agora começou. Gostei de ver que, em matéria de semântica frásica, os nomes uniformes podem ser, quanto ao género, epicenos, sobrecomuns e comuns de dois; vagueei pelos verbos auxiliares aspectuais e pelas frases subordinadas substantivas completivas; e, em matéria de propriedades semânticas dos grupos nominais, diverti-me com os nomes não contáveis não massivos e, mais tarde, com a definição de "modalidade epistémica ou deôntica". A vida académica é assim mesmo, mas não sei se o ensino do Português tem sentido desta maneira. Entretanto, aprendam e habituem-se, porque vem aí mais. Basta folhear a TLEBS.·
Acrescento que isto não é conversa de um "empedernido gramatical" mas de alguém que tem justificados receios de que o Português deixe de interessar, definitivamente, os alunos do básico e do secundário, para não falar dos professores - eternas vítimas das iluminadas reformas decretadas pelo Ministério. Pessoalmente, continuo a não entender a necessidade de atrapalhar e de criar "novas designações" para "conceitos" que eram bem tratados em terminologias anteriores - e defendo que deve definir-se, quanto antes, o que significa exactamente "ensino do Português" bem como os objectivos dessa desprezada tarefa.

A senhora ministra da Educação deixou já passar, incólume, a ideia de que a filosofia não é matéria que sirva os estudantes do secundário (e permitiu que se lhe desferisse um golpe fatal nos novos currículos); agora, certamente envolvida em questões administrativas da maior importância, deixará passar a TLEBS e todo o conjunto de geringonças teóricas que não deixarão de contribuir para o continuado défice do ensino do Português e da literatura portuguesa.

Conheço já o argumento de que o ensino da literatura não interessa nem é útil, e que o Português não depende da literatura nem dos clássicos da nossa língua. Estou pronto para discutir o assunto, mas, antes, seria bom que um resto de bom senso aliviasse a TLEBS dos defeitos já abundantemente apontados por professores, investigadores e autores que se têm encarregado de apontá-los. Esse seria o primeiro avanço.

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