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Sem Rede

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

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30
Jan11

Salários de professores na Europa.

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Os salários mensais dos professores europeus em 2008 variavam muito. Portugal é um dos países onde o salário de início de carreira mais evolui relativamente ao salário final. Este é superior apenas ao de estados recentes na União Europeia. O salário de fim de carreira (3000 euros) é superior aos da Grécia (2100 eurros) e da Itália (2900 euros), aproxima-se muito dos da Suécia (3300), Espanha (3350) e Finlândia (3100). Pelo que aqui se apresenta, vale a pena ser professor, sobretudo, na Áustria, na Holanda e na lgica (salários superiores a 4500 euros).

Este estudo considera que em termos de PPP (pucrcahse power parity), isto é, paridade do poder de compra, os salários portugueses de fim de carreira representam mais 500 euros por mês (3500 euros). Mas o que se apresenta nesta tabela são os salários nominais (3000 euros).

Creio que importa termos bem clara esta informação em todos os raciocínios comparativos que fazemos.

(gráficos retirados de Comparative study of teacher's pay in Europe). AQUI

27
Jan11

Efeito dominó

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Dizia o Sr. Embaixador do Egipto em Portugal que o que se passava no Egipto não tinha qualquer relação com um efeito dominó a partir da Tunísia. Provavelmente, queria dizer que temia o tal efeito dominó. Pois que ainda não o é parece evidente: ainda só caiu um pedra. Enquanto não houver uma sequência de outras a cair, estaremos na expectativa.

Uma especialista com um ar muito douto explicava na SIC Notícias que o caso da Tunísia nada tinha a ver com o que se passara com o leste europeu, após a queda da URSS, com as chamadas "democracias populares" a desfazerem-se como um castelo de cartas. Não haveria aqui, no Norte de África, uma potência dominante, cuja desgraça arrastasse as outras.

Será que o único efeito dominó que ela conhecia era o do dito "socialismo científico"?

A queda das ditaduras da Europa mediterrânica não começou com a queda dum grande estado. Começou num pequeno rectângulo chamado Portugal em 25 de Abril de 1974! A junta militar grega acaba em Julho de 1974  e a Espanha franquista começa a sua transição para a democracia em 20 de Novembro de 1975.

Podemos lembrar outras ondas políticas ou "efeitos dominó": queda dos países socialistas africanos, nos primeiros anos da década de 90 (não são só as ex-colónias portuguesas que se rendem ao multipartidarismo e à economia de mercado - S. Tomé e Príncipe, 1990, Cabo-Verde, 1991, Angola, 1991, Moçambique, 1994, Guiné-Bissau, 1994 -, mas também, Guiné-Conacri, 1993, R.D. Congo, 1992, depois, a Etiópia, a Somália e a Tanzânia, com outros insucessos, mas a sair do marxismo-leninismo que tinham imposto aos seus povos.

Poderíamos falar de outros dominós.

Se coube a Portugal a honra de iniciar um efeito dominó democrático em 1974, cabe agora à Tunísia, o mais pequeno país do Magreb, a honra de inciar a democracia árabe. A profecia é fácil de fazer: Egipto, queda do regime de Mubarak, queda dos regimes militares da Argélia e da Líbia e monarquia constitucional democrática em Marrocos. Para lá do Suez, não sei como será.

O povo ergue-se e impõe o seu bom-senso, os radicalismos tentarão aproveitar a situação. A norte da pequena bacia mediterrânica, fora o comunismo vencido pela social-democracia. Aqui será também a social-democracia a vencer o fundamentalismo islâmico.

27
Jan11

Ensino privado, dinheiro público

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Manuel Pina, Aqui

Sempre achei problemático que colégios particulares competissem no ensino público com escolas pertencentes ao estado.

Creio que o efeito mais visível desta manobra é a desvalorização da classe docente. Nas escolas privadas, muitos professores são mantidos com vínculos precários, salários mais baixos e mais baixo estatuto profissional. Entretando, o estado paga professores que estão subaproveitados nas escolas públicas. Professores no topo da carreira em escolas públicas têm que ser humilhados com a atribuição de "horário zero", enquanto colégios dos arredores contratam estagiários sem experiência.

Em termos de mercado, esses colégios beneficiam da distribuição de alunos pela rede pública. Portanto, não têm que se esforçar muito por ganhá-los com base no célebre princípio da "livre escolha".

08
Jan11

Luta de classes ou de corporações?

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Todos conhecemos a frase célebre do Manifesto Comunista: "Proletários de todo o mundo, uni-vos"

O mito de uma história feita de classes a lutarem umas com as outras numa polarização que põe dum lado os dominadores e do outro os dominados ainda prevalece no âmago da mentalidade da esquerda.

Essa concepção atingiu o máximo de risibilidade na última manifestação liderada pela CGTP com os juízes ao lado dos "outros" trabalhadores, unidos contra o governo. Com os patrões alheados da coisa, parece que o governo é que é a classe dominante. Só lá faltavam os deputados e os ministros que, salvo erro, não têm cortes salariais inferiores aos dos magistrados, mas infelizmente como protagonistas das leis não podiam dar voz pública ao desagrado que lhes ia na alma. Se lá estivessem, teríamos provavelmente o país unido numa manifestação contra... os mercados.

A verdade é que nem aqui nem em nenhum outro lado estiveram os proletários do país ou do mundo unidos contra a burguesia. Quem seria o proletariado ou quem seria a burguesia não é um problema fácil. Para Estaline, um pobre camponês ucraniano seria um burguês em potência. Por isso, tratou de eliminá-los aos milhares.

O que é de facto visível é que pessoas com interesses comuns se unem em defesa dos seus interesses. Trata-se essencialmente de profissões. E a sua luta tem, na verdade, do outro lado, os patrões, nuns casos, noutros, o governo, ou ainda, a sociedade inteira.

Álvaro Santos Pereira diz a respeito das lutas dos dentistas contra a invasão brasileira:

"Isto é, os protestos contra os imigrantes são muitas vezes impulsionados pelas nossas classes profissionais que frequentemente advogam restrições à chegada dos seus congéneres provenientes de outros países. Afinal, se estas mesmas classes profissionais tiverem um monopólio a proteger ou estiverem em situação privilegiada no mercado nacional (angariando rendimentos ou cobrando preços acima dos praticados internacionalmente), é claro que essas mesmas classes profissionais terão todo o interesse em tentar impedir a entrada de concorrentes estrangeiros que levarão a uma baixa dos preços dos seus serviços" (Os mitos da economia portuguesa, Lisboa, Guerra e Paz, 2007, p. 158)

Neste caso, os dentistas brasileiros fizeram de facto os preços descerem tornando menos interessante a profissão de dentista.

De modo similar, os advogados unem-se sob a direcção da sua ordem contra uma nova invasão não do estrangeiro, mas dos jovens licenciados. Essa invasão tornará a breve trecho a justiça mais barata. É evidente que isto não interessa a quem a vende. Interpuseram um exame à entrada na profissão que foi considerado inconstitucional, agora vão exigir o mestrado como habilitação mínima para exercer a advocacia. Não é possível entre lutas de interesses definir uma moral que nos permita decidir quem tem razão. O que podemos fazer é ver quem é que ganha e quem é prejudicado. Há, contudo, valores que podemos ler nas opções tomadas. Por um lado, o direito de jovens formados exercerem a profissão e concorrerem com os mais velhos. Por outro, o direito da ordem defender critérios de qualidade à entrada na profissão. Pois que tirem o mestrado e apareçam.

08
Jan11

Quem compra a nossa dívida?

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É uma conversa muito interessante no bolsa na bolsa ponto come (Veja aqui).

 

Francisco Louçã acusa os bancos portugueses de estarem a financiar-se no BCE a 1% para emprestarem ao Estado a 7%. Portanto, nós estamos a dar-lhes 6%. E isso é um grande problema para Louçã. Contudo, os bancos ao comprarem a nossa dívida estão a prestar um serviço à Nação. Eles podem comprar dívida alemã que dá menos juros, mas é mais segura, ou a grega que dá mais rendimento mas é ainda menos segura.

Será que podemos acusá-los de nos estarem a roubar? Isto é de facto um negócio dos diabos. Os governos não podem financiar-se directamente no BCE. Na verdade, eles devem financiar-se com os impostos dos seus cidadãos. Quando pedem empréstimos, é porque estão a gastar demais. Quem está mal não é quem empresta mas quem pede.

Os juros estão altos? Ora um dos factores que os fazem altos é precisamente o facto da estrutura da nossa dívida ser em 75% estrangeira. Assim, poderíamos até acusar os bancos portugueses de não investirem o suficiente no Estado, não fosse o caso de o montante da dívida nacional ser demasiado grande para os nossos bancos e de eles, como quaisquer agentes económicos, também temerem pelo risco de incumprimento.

Quanto mais se investe na dívida, maior a procura, menor o juro. Assim, porque os acusamos? Ficamos contentes por saber que o BCE nos veio comprar dívida, o que faz na intenção de ajudar os estados europeus nesta crise.

Quanto a Louçã, paciência, é vítima dum paradoxo da teoria económica marxista. Creio que nunca conseguirão abeirar-se da economia real sem preconceitos. Quando não se limitam a ter um discurso analítico e crítico e querem intervir, não sabem o que dizer e fazer.

07
Jan11

Nascer no local e no momento errados

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Artigo do Educare: Nascer em Janeiro ou em Dezembro faz diferença.


Uma recente pesquisa demonstra que os franceses que nascem em Dezembro têm menos sucesso escolar do que os que nascem em Janeiro.

O estudo vai mais longe, pois demonstra que há uma correlação significativa entre estatuto social e dia de nascimento. São sobretudo as mulheres de famílias de agricultores que têm filhos no final do ano. As professoras franceses tendem a ver os seus filhos chegar ao mundo na luz da Primavera.

Uma explicação racional para este facto estará na maturidade intelectual. As crianças que entram na escola em Dezembro serão as mais novas por a lei definir o ano de entrada na escola como aquele em que as crianças cumprem seis anos de idade. Assim, a diferença na idade de entrada atinge o máximo nas crianças que fazem anos em Dezembro, pois 11 meses as separam das que nascem em Janeiro. O facto estatístico do maior insucesso escolar destas crianças deveria constituir por si só um forte aviso contra os pais que antecipam a entrada na escola dos filhos que nascem em Janeiro. A pesquisa demonstra genericamente que os mais novos a entrar na escola têm menos sucesso.

Isto coincide com a evidência dada pelos testes Pisa em que se verifica que vários dos países com melhor desempenho são de sistemas em que a entrada na escola é feita aos 7 anos. Ora, essas crianças que entram mais tarde na escola, provam aos 15 anos, idade dos testes, terem mais sucesso do que as que entraram mais cedo e vão fazer os testes com, eventualmente, mais um ano escolar.

Pode ser que se dê o caso dos professores com crianças mais novas estarem a remar contra a maré, a forçar crianças a aprender coisas da mesma maneira do que crianças quase um ano mais velhas. Um ano, em tenras idades, é todo um mundo de experiência de vida, de crescimento e de estruturação neuronal.

Esta diferença torna-se especialmente grave em programas de ensino rígidos, centrados nas matérias e não nos aprendentes. Sendo eu um defensor da existência de um currículo universal, parece-me que a progressão deve ser adaptada ao aluno. A sua integração em grupos de estudo, a que vulgarmente se chama turmas, deve ter em consideração o que ele já aprendeu antes.

Ora, a escola francesa é muito rígida a este respeito. Cada ano de escolaridade tem um programa que o aluno tem de cumprir. Quem não o consegue, fica inevitavelmente atrasado, quem o cumpre mediana ou mediocremente, tende a ficar medíocre para a vida toda. Essa rigidez está expressa nas próprias designações dos anos de escolaridade:

    • 1º ano CP (Cours preparatoire)
    • 2º ano C.E.1 (Cours Elémentaire 1ère année)
    • 3º ano C.E.2 (Cours Elémentaire 2ème année)
    • 4º ano C.M.1 (Cours Moyen 1ère année)
    • 5º ano C.M.2 (Cours Moyen 2ème année)

Estas designações definem uma lógica conteudística na aprendizagem que marcam negativamente aqueles que não conseguem acompanhar este caminho pré-concebido.

A ideia de que se fracassa num certo ano de escolaridade pressupõe que há um desenvolvimento a que todos têm que se adaptar - nem mais nem menos. Impõe a mediania tanto aos mais fracos e aos que chegam demasiado cedo como aos melhores e que chegam na hora certa.

A numeração invertida dos anos em que o 1º é o 11ème e o 5º o 7ème, torna mais flagrante o fracasso de quem não consegue chegar à "premiére". Recordo-me da nossa confusão com o célebre texto de Marcel Pagnol que estudávamos precisamente no nosso 2º ano do ciclo preparatório em que a personagem entrava no seu "sixième" que era, para ele, o primeiro do liceu, mas que correspondia ao nosso 2º preparatório, agora 6º, porque o nosso primário tinha só 4 anos. Era pois o único ano em que a nossa contagem ascendente coincidia com a descendente deles.

Creio que a nossa situação não é melhor do que a francesa. Nas turmas das nossas escolas, temos a mesma lógica de progressão, com os correspondentes chumbos, a mesma selecção pela negativa que conflui nos CEFs, cursos de baixa exigência, tanto técnica como científica e humanística. Nâo será uma parte significativa dos alunos que fazem os CEF constituída por alunos que, num dado momento, por verificarem que não conseguem acompanhar o ritmo do "curso" previsto, desistiram de estudar? Reparem que não estou preocupado com a qualidade dos alunos que frequentam os CEF. Isto é, não acho que deveriam ser outros. O que me preocupa é a qualidade da escolaridade destes alunos, a sua preparação para a vida. Neste contexto, os CEF são um avanço, pois anteriormente, muitos destes alunos abandonavam a escola.

Tudo se resume ao seguinte: criar um sistema de gestão das aprendizagens baseado numa avaliação verdadeira, descritiva e não hierarquizadora, permitindo valorizar sempre a progressão de cada um, sem chumbos, nem recriminações.

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