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Sem Rede

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

Sem Rede

19
Set11

Vendavais esfumados

Redes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No romance Um jantar a mais de Ismail Kadaré (Quetzal, 2002), a propósito de um escândalo sexual, aparece a seguinte notável comparação:

"E assim como um vendaval, que deixa a rodopiar atrás de si alguns destroços, também sobre esse assunto apenas algumas palavras equívocas pairavam ainda no ar, tornando-se cada vez mais raras" (p. 66)

Na história, ao fim e ao cabo, só há vendavais. Alguns deles, contudo, demoram muito tempo a esfumar-se. Quando isso acontece, aqueles que se acham no centro do furacão sofrem uma grande deceção. Descobrem que não se encontram em nenhuma charneira da história, apenas em algo que se esfuma sem justificar nem os sacrifícios nem os riscos consentidos. Apenas um balão que se vai esvaziando, ao ponto de, muito pouco tempo depois, quase ninguém se lembrar do acontecido, nem da perspetiva que justificava a ação, o denodo e a combatividade do tempo vivido.

09
Jun11

Quem perde ganha - um novo patamar

Redes

Não sei se viram a ISIC, ontem (22h, 16/09/2016).

Com o novo reality show, a SIC Independente, o novo canal saído do cadáver da privatizada RTP, ultrapassa mais uma fronteira neste género de programas.

"Quem perde ganha - vence um cancro!" põe à prova as novas terapias recentemente divulgadas na Fundação Champalimaud.

Luís Filipe Redes, um dos concorrentes, exibia todo sorridente a ecografia dum seu tumor no estomago. "Não tenho só este, mas pu-lo no concurso, porque é o mais redondinho. Espero diminuí-lo drasticamente e levar o prémio para casa". Na outra mão, tinha uma pequena estatueta da Nossa Senhora de Fátima. Explicava: "Temos que apostar em tudo!"

Às objeções de vários comentadores, onocologistas de serviço no concurso declararam que nada diferencia este programa dum de emagrecimento, pois, tanto num como noutro, a perda de matéria corporal depende de factores incontroláveis e não apenas da vontade dos concorrentes.

Ora acontece o mesmo com todos os concursos perde-ganha em que Portugal se tem envolvido, como é o caso da diminuição da dívida pública, feita à custa do decrescimento económico e do abaixamento do rendimento dos cidadãos - perdas que dependem de mais factores do que a nossa vontade.

Perdedores, portanto, ganhadores.

22
Out07

James Watson

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Posso, em primeira mão, trazer para aqui evidência que arrasa completamente a tese de James Watson sobre a inferioridade intelectual, genética, dos negros.
Durante os meus estudos no liceu, havia um negro que era muito melhor a matemática do que eu. Ora assim como eu não era, com certeza, o melhor branco a Matemática, também não posso afiançar que não haja negros ainda melhores do que aquele meu colega.
Agora o que  eu posso comprovar é que ele era mais inteligente do que a minha criada branca, já que era melhor do que eu. Se raciocinarmos do mesmo modo de Watson, concluiremos que aquele meu colega era mesmo melhor do que todos os brancos ou negros, criados domésticos ou não do Sr. Watson.
10
Jun05

A glória dos descobrimentos

Redes

A epopeia das viagens de descoberta dos séculs XV e XVI continua incólume no imaginário nacional, apesar de todos os ataques que sofreu com a história económica dos Annales e da historiografia marxista. Muitos cidadãos imaginam que, nesses séculos, Portugal era o centro da Europa, que o mundo lhe deve a unidade actual e que os povos africanos, asiáticos, americanos e oceânicos receberam das suas mãos o critianismo e a civlização.
É inquestionável que Portugal, nos reinados de D. Duarte, D. João II e D. Manuel I liderou, juntamente com a Espanha, os chamados "Descobrimentos". Mas, a análise histórica revela que estes empreendimentos eram de facto internacionais, tanto ao nível do conhecimento científico, como do financiamento das viagens e da relação com os mercados a que se destinavam as especiarias.
Num domínio essencial, por exemplo, o da cartografia, pontificavam os cartógrafos italianos e alemães. No que diz respeito ao financiamento, as praças alemãs e flamengas lideravam, de tal maneira, que muitas vezes os produtos que vinham nas naus já estavam comprados e destinavam-se a essas praças. Lisboa era assim um entreposto subordinado a outras praças mais importantes como Veneza (que depressa se refez do impacto dos primeiros carregamentos de especiarias que chegaram pelo Atlântico) e Antuérpia.
Quanto ao aspecto civilizador, continuam a ser ignoradas as verdadeiras intenções dos navegadores portugueses. O tráfico de escravos que acompanhou desde o seu início a realização das viagens, por exemplo, raramente é mencionado.
Custaria muito apresentar, às crianças, o Infante D. Henrique - Henry the Navigator, como dizem os ingleses - como um traficante de escravos. O Infante autorizava os navegadores algarvios a irem à costa africana raptarem pessoas e beneficiava de um quinto de cada carregamento. Zurara mostra-nos um Infante insensível ao drama humano, em Lagos, à espera da sua parte (cerca de 40 escravos dum dos primeiros carregamentos), enquanto a população se revoltava contra a separação entre mães e filhos. Portugal teve esta glória histórica: a de ter sido o iniciador do tráfico de escravos africanos e a última das potências europeias a acabarem com essa prática.

12
Jun04

Como morreu Mod Saleh?

Redes

View image Mod Saleh era um jovem palestiniano de 21 anos que foi vítima da violência policial sionista. Esta é a informação que consta de um documento que circula na Internet e que me chegou à caixa de correio, reencaminhado por um amigo. Mod Saleh seguia pacificamente o seu caminho, quando foi mandado parar pelos agentes de autoridade israelita. Estes revistaram-no até ao ponto de o despirem, deixando-o de cuecas. Foi, então, que, sem mais, um dos seis ou sete agentes presentes atira a matar, apontando directamente ao crânio do jovem, já despido e prostrado no chão, apesar de Mod Saleh não ter o menor indício de ser um bombista suicida. Esta é a história que vem no texto, acompanhado de uma série de cinco fotografias que são apresentadas como prova documental. Tentei avaliar cuidadosamente as fotos, para ver até que ponto é que elas suportavam esta versão. Pois, mesmo assim contada, aparece em falta um elemento essencial: o motivo do crime. Por que razão havia um agente de matar um detido perante seis testemunhas, embora seus colegas? No acto do crime, observa-se o movimento nervoso de três outros agentes e um deles a dar o tiro que desfaz a cabeça do jovem. Por que motivo o haviam de matar, depois de o despirem e de observarem que ele não tinha nenhum cinto com bombas? Pura violência gratuita, puro genocídio! A polícia israelita anda a matar jovens palestinianos, um a um, depois de os despir! “A fotografia fala por si!”, diz na legenda da última fotografia em que aparece o corpo inteiro de Mod Saleh deitado no chão. Mas a verdade é que as imagens não falam por si. Como sugere Wim Wenders, uma imagem sem palavras não diz nada. Pelo contrário, as palavras podem fazer muito a favor do sentido das imagens. Ampliei então as fotografias o máximo que pude apesar da sua péssima qualidade e concluí: não é possível através delas concluir se Mod Saleh tem ou não um cinto com bombas à sua volta. Quando digo isto, imagino que um cinto com bombas tem a dimensão de um pequeno chumaço à volta da cintura. Mas, para dizer a verdade, não sei se um cinto de bombista pode ou não ser ainda mais pequeno do que eu o imagino. Fiz então o seguinte exercício: se aquilo fosse o clip dum filme, que imagens poderiam estar em falta? E concluí que podiam faltar muitas e que bastaria uma para mudar a história toda. À procura de fotografias de melhor qualidade, pesquisei a Internet sobre o assunto. Encontrei as mesmas fotos em muitos sítios, vários deles de publicidade explicitamente palestiniana ou de esquerda revolucionária europeia (http://www.dewaarheid.nu/wereldcrisis/saleh.htm e http://www.parker.firenze.net/orrore.htm, por exemplo). A sequência era exactamente a mesma, na maior parte dos sítios. Encontro finalmente um sítio que acrescenta uma fotografia às imagens das outras. De acordo com este documento, entre a penúltima e a última fotografia apresentada pela propaganda palestiniana, falta de facto uma imagem em que se vê um carro, um robot, a retirar um cinto com bombas do corpo inerte do jovem (http://www.elettrosmog.com/orrore/). Essa fotografia não tinha melhor qualidade do que as outras, mas dava coerência à história: os polícias mataram o jovem quando descobriram o cinto e recearam que ele o fizesse explodir, matando-os. E se fosse um erro? Se os polícias tivessem confundido alguma coisa com bombas e, um deles, demasiado nervoso, tivesse puxado o gatilho? Que leitura política poderíamos fazer desse facto, além de que há bombistas e polícias que têm como função prendê-los e que eventualmente se enganam tragicamente? Será que podemos dizer que esses polícias terão um comportamento diferente, consoante o governo seja de Ariel Sharon ou de Shimon Peres, neste aspecto específico? Trazer a este assunto a política de Sharon é uma manobra retórica bem conhecida, a amálgama, que consiste em juntar coisas diversas sob o mesmo rótulo. Quer a morte de Saleh se deva a um erro quer a uma acção policial bem-sucedida, quer Saleh tenha sido um bombista quer tenha sido uma vítima inocente, é de todo improvável que haja ordens do governo de Sharon para matar todos os jovens palestinianos que como Saleh tenham aspecto de bombistas. Ou, então, se é esse o caso, é preciso demonstrá-lo com muito mais provas. Considero a política de Sharon má e assassina, mas não por causa de factos deste género. A verdade é que um governo trabalhista não terá menos problemas com bombistas. E os radicais que agora criticam a acção policial sob Sharon, continuarão a fazê-lo, como já o fizeram, sob um governo trabalhista. Para os que procuram o conforto da distinção clara entre o lado do bem e da razão e o lado do mal e do erro, afigura-se-me difícil a decisão: quem está certo é o governo de Sharon que defende os colonatos israelitas e ataca à bruta os líderes do Hezbolah, do Hamas e dos Máritres de Al Aqsa ou a Autoridade Palestiniana que nada faz contra os bombistas suicidas e que dá total liberdade de movimentos a esses grupos? Não é fácil optar por um lado merecedor do nosso apoio a não ser que declaremos de uma vez por todas que concordamos com o objectivo político do Hamas que é destruir totalmente o Estado de Israel.

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