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"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

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27
Nov06

TLEBS comparadas.

Redes
Isto da TLEBS está a dar-me muito trabalho. Houve um momento em que me questionei sobre se devia seguir ou rejeitar a TLEBS, dilema que pus em discussão no meu grupo. O argumento forte para rejeitar a TLEBS, pelo menos este ano, era a falta de materiais didácticos adequados para os alunos. Mas ninguém quis tomar uma posição explícita, o que compreendo muito bem, pois isso poderia ser lido de duas maneiras:
- desobedecer a uma ordem governamental;
- confessar a nossa incompetência para produzir os materiais supletivos necessários.

Mas o que me está ainda a complicar mais a tarefa são os comentadores, isto é, essa espécie de intelectuais que sobre quase tudo escrevem, com espaço privativo, de destaque, nos grandes jornais. Quando os leio, vejo-me de tal maneira perseguido pelos seus argumentos, que tenho que verificar a sua justeza e formar uma opinião.

Uma dos argumentos contra a TLEBS apresentados pelo Vasco Graça Moura é que a nova terminologia iria criar problemas à aprendizagem de outras línguas. Dei-me então ao trabalho de verificar várias gramáticas de língua francesa, para começar a fazer a respectiva comparação terminológica.

Quando estudei inglês, em miúdo, um dos tópicos era o dos "countable and uncountable names", que agora entraram para a terminologia oficial portuguesa. Acontece que essa classificação dos nomes parece-me ainda mais relevante em Português do que em Inglês: os ingleses não variam o artigo definido no plural: "the boys eat the rice" é, em Portguês, "Os rapazes comem o arroz", mas um principiante que ignorasse que "arroz" também era um não contável em Português, bem poderia errar e pôr os dois artigos no plural,  "Os rapazes comem os arrozes". Assim é também em francês e muitas gramáticas que encontrei na Net incluem essa classificação.

Na generalidade das gramáticas pesquisadas, "cahier" seria classificado como um "nom" e não como um substantif, apesar de algumas colocarem as duas designações lado a lado: "nom ou substantif" - veja por exemplo, "Grammaire et ortohgraphie", http://membres.lycos.fr/clo7/grammaire/grammair.htm.

Lá, como cá há bastantes anos, os determinantes (déterminants) incluem os artigos (articles), os possessivos (adjectifs possessifs) e os demonstrativos (adjectifs démonstratifs), mas ainda incluem os indefinidos (adjectifs indéfinis) e os numerais, "adjectifs numéraux" que na nossa terminologia passaram para a classe dos "quantificadores", embora a função de quantificar os nomes lhes seja attribuída no texto dessas gramáticas.

As noções de "grupo nominal", "grupo adjectival", "grupo adverbial" e "grupo preposicional", totalmente estranhas às nossas gramáticas anteriores a 1974, são um item obrigatório da gramática escolar francesa, ou do Québec. Veja como em "Grammaire", se propõem exercícios sobre o grupo nominal para o primeiro ciclo ("group nom"), http://www.csdm.qc.ca/petite-bourgogne/signet/grammaire.htm.

Lá está, também, nalguns "sites", a classificação semântica dos advérbios num número um pouco extenso de subclasses que incluem as de modo, tempo, lugar, afirmação, intensidade, negação, etc.. Na leitura que faço da TLEBS, a distinção entre disjuntos e adjuntos não tem que preceder didacticamente estas ditas subclasses, pela simples razão de que respeitam a critérios diversos, bastante independentes.

Uma das caricaturizações feitas da subclassificação nominal é a da sua extensão: "gato" é um nome comum, cncreto, contável, animado, não humano, masculino singular". Em nenhuma outra disciplina se espera que se faça uma coisa destas, pois quando se pede uma classificação, enuncia-se um critério, seja um gás quanto à densidade em determinadas condições de pressão e temperatura ou quanto ao aspecto, etc.. Não temos que exigir que os alunos decorem todas as classificações, mas que saibam aplicar critérios. Várias das gramáticas que vi têm a classificação dos nomes de acordo com esses critérios. Veja-se, por exemplo, "La grammaire interactive" em http://grammaire.reverso.net/index_alpha/Fiches/fiche2.htm que inclui: próprio/comum, "Noms communs et noms propres"; contável/não contável, "Noms comptables et noms non comptables"; animados/não animados, "Noms animés et noms inanimés"; colectivos, "Noms collectifs". Trata-se de uma classificação  semântica inteiramente pertinente por causa das suas consequências sintácticas, por exemplo, no que respeita ao género dos nomes animados, ou no que respeita ao plural, no caso dos não contáveis, ou do uso do artigo indefinido no caso dos não contáveis.

Parece-me que, a TLEBS está nos aspectos mais relevantes de acordo com a gramática escolar francesa e Vasco Graça Moura não tem razão no que escreve.

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