04
Dez06
Língua versus literatura
Redes
A polémica entre a Inês Duarte e o Vasco Graça Moura sobre os programas do secundário foi apenas a espuma de superfície duma problemática muito mais complexa em que intervieram professores da Faculdade de Letras, dum e doutro quadrante.
Os argumentos mais importantes andam à volta da tipologia de textos, conceito directriz dos novos programas.
Inês Duarte defende que é necessário que a disciplina de língua portuguesa treine os alunos na leitura e na produção de diferentes tipos de texto. A leitura literária não é suficiente para criar uma competência mais geral que poderia ser transferida eficazmente para textos de outros géneros. No momento presente, não estou em condições de ajuizar sobre esta tese.
O que repugna aos professores de literatura é a subordinação do texto literário a um tipologia específica. Ora o texto literário não se pode caracterizar linguisticamente. Esse é um dos motivos que temos para considerar insuficiente a função poética de Jacobsen. O texto literário, como nos diz Victor Aguiar e Silva é-o por pertencer a um sistema de comunicação em que é lido como tal.
Suponho que a caracterização linguística do texto enquanto "argumentativo" respeita a itens específicos e não à literariedade. É este "sermão" que tem marcas de texto argumentativo, independentemente da sua literariedade. Porque continuamos a ler Vieira? Não certamente para discutir se ele tinha ou não razão nas teses que defendia. Hoje, é lido por motivos literários. Mas que há de errado em considerá-lo "argumentativo", sem recusar a sua literariedade?
Há uma motivo poderoso que é a inserção do texto numa história, num sistema de comunicação literário, numa etapa da nossa história cultural. Isto para mim é muito importante.
Voltarei a este assunto...
Os argumentos mais importantes andam à volta da tipologia de textos, conceito directriz dos novos programas.
Inês Duarte defende que é necessário que a disciplina de língua portuguesa treine os alunos na leitura e na produção de diferentes tipos de texto. A leitura literária não é suficiente para criar uma competência mais geral que poderia ser transferida eficazmente para textos de outros géneros. No momento presente, não estou em condições de ajuizar sobre esta tese.
O que repugna aos professores de literatura é a subordinação do texto literário a um tipologia específica. Ora o texto literário não se pode caracterizar linguisticamente. Esse é um dos motivos que temos para considerar insuficiente a função poética de Jacobsen. O texto literário, como nos diz Victor Aguiar e Silva é-o por pertencer a um sistema de comunicação em que é lido como tal.
Suponho que a caracterização linguística do texto enquanto "argumentativo" respeita a itens específicos e não à literariedade. É este "sermão" que tem marcas de texto argumentativo, independentemente da sua literariedade. Porque continuamos a ler Vieira? Não certamente para discutir se ele tinha ou não razão nas teses que defendia. Hoje, é lido por motivos literários. Mas que há de errado em considerá-lo "argumentativo", sem recusar a sua literariedade?
Há uma motivo poderoso que é a inserção do texto numa história, num sistema de comunicação literário, numa etapa da nossa história cultural. Isto para mim é muito importante.
Voltarei a este assunto...