Ao oitocentista Vasco Pulido Valente
O paradigmático confronto entre nós e os outros, cá dentro e lá fora, portugueses versus estrangeiros, vem de muito longe, talvez desde que meia dúzia de cavaleiros, filhos segundos, da Burgúndia descobriram que esta pobre terra de mouros da Hispania era a única hipótese de salvarem o seu lugar de aristocratas europeus.
Vem isto a propósito da insistência de Vasco Pulido Valente em convencer os fidalgos lusos da actualidade de que o seu país é mesmo uma m... Um desses fidalgos é o bonacheirão, simpático e condescendente, ex-estrangeirado, Mário Soares que acha que os seus mouros não são assim tão maus e até nem ficam mal no retrato, quando comparados com os habitantes de outros cantos.
O discurso do Pulido Valente no Público de hoje fez-me lembrar algumas passagens de Os Maias que vou aqui transcrever em homenagem aos pobres avaliados que são o que são e têm que viver com o fado de serem assim mesmo:
"A oposição confessa sempre que os ministros, que ela cobre de injúrias, têm, à parte os diaparates que fazem, «um talento de primeira ordem! Por outro lado, a maioria admite que a oposição [..] está cheia de «robustíssimos talentos»! De resto, todo o mundo concorda que o país é uma choldra" (João da Ega)
"Querem dizer agora aí que isto por fim não é pior do que a Bulgária! Histórias! Nunca houve uma choldra assim no universo!" (Gonçalo ao João da Ega)