02
Mar08
Exames - email para Henrique Monteiro
Redes
Do artigo de H. Monteiro (Expresso, 1 de Março):
"Falar de exames é, para Ministério e sindicatos, como falar do diabo. No entanto, a sua realização seria a forma mais justa de avaliar o desempenho dos professores e o que realmente interessa: a qualidade da transmissão de conhecimentos"
"Vejamos, por exemplo, o caso da avaliação dos professores. Se tudo fosse feito de forma simples (e não da forma pretensamente científica que os burocratas da 5 de Outubro gostam de apregoar), seriam considerados melhores professores aqueles cujos alunos tivessem melhores resultados. Simples? Para o Ministério não é, porque o Ministério se opõe a exames nacionais, cujos resultados seriam a única forma de aferir, de modo justo e igual para todos, os conhecimentos adquiridos."
"Falar de exames é, para Ministério e sindicatos, como falar do diabo. No entanto, a sua realização seria a forma mais justa de avaliar o desempenho dos professores e o que realmente interessa: a qualidade da transmissão de conhecimentos"
"Vejamos, por exemplo, o caso da avaliação dos professores. Se tudo fosse feito de forma simples (e não da forma pretensamente científica que os burocratas da 5 de Outubro gostam de apregoar), seriam considerados melhores professores aqueles cujos alunos tivessem melhores resultados. Simples? Para o Ministério não é, porque o Ministério se opõe a exames nacionais, cujos resultados seriam a única forma de aferir, de modo justo e igual para todos, os conhecimentos adquiridos."
Email:
O seu artigo é de uma imbecilidade angustiante.
O seu artigo é de uma imbecilidade angustiante.
Com os exames, nunca se sabe o que estamos a avaliar:
- o nível económico e cultural dos pais;
- a qualidade dos explicadores que o aluno tem em casa;
- o acesso a bens culturais;
- o trabalho do encarregado de educação;
- as potencialidades cognitivas dos alunos;
Por causa de vários desses factores, tenho uma turma que tem 2 alunos de desempenho bom e 6 que mal sabem ler (dos quais 4 ou são repetentes ou já repetiram anos no 1º ciclo) e 11 com um desempenho satisfatório (com alguma condescendência).
O nível de leitura dos 6 acima referidos impõe um trabalho especial de diferenciação pedagógica. Uma vez tendo já determinado as suas características, sei que não lhes posso exigir o mesmo que à maioria, nem posso adaptar o programa da turma para o nível que eles têm, pois isso deixaria os outros a não aprender nada.
Tenho à partida 6 alunos que sei que não poderão ter o mesmo sucesso numa prova normalizada, aferida aos programas oficiais.
Acresce que algumas destas crianças vêm para a escola porque a lei assim o exige, senão estariam a trabalhar no campo ou nas obras. Creio que o Henrique Monteiro quer devolvê-las a esses lugares.
Ora, há um colega meu que tem uma turma que tem, apenas, 1 aluno com as características dos meus 6 e tem 10 ou 12 alunos, entre o bom e o muito bom, que fazem sempre o trabalho de casa, nunca faltam, nunca repetiram o ano e vêm a todas as aulas.
O êxito dos alunos dele será muito superior ao dos meus, ainda que ele seja pior professor do que eu!
Embora os exames possam ser úteis, não servem de maneira nenhuma para avaliar os professores.