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Sem Rede

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

Sem Rede

27
Out09

Que fazer com este livro? (1)

Redes

(fonte da imagem: http://ojovemsonhador.blogspot.com/2009/03/mais-contradicoes-da-biblia.html)

Da Bíblia, pode-se dizer o que não se diz de mais nenhum outro livro no mundo cristão: que é a palavra de Deus, que foi escrita por homens, mas inspirada por Ele.

No entanto, para que a Bíblia seja a Verdade, tem de ser lida "simbolicamente" - dizem-nos os que se opõem às interpretações literais, tidas por fundamentalistas.

Quais são efectvamente os limites da interpretação simbólica? Como permanece o valor da Verdade em leituras que variam  historicamente?

Penso que os debates entre Saramago e Carreira das Neves e Tolentino de Mendonça estão viciados por estes estarem a apresentar leituras condizentes com os tempos modernos para salvar a reputação da Bíblia nos factos chocantes evocados por Saramago.

O pecado original

Tomemos a narrativa do pecado original. Começa assim

"Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Näo comereis de toda a árvore do jardim?" (Génesis, 3:1)

O autor entra num registo de fábula, pois todos sabem que os animais não falam. Podermos daqui concluir que a história do pecado original é do princípio ao fim uma fábula sobre a desobediência? Ou devemos acreditar que de facto a serpente falou com Eva e seduziu-a para o pecado? Ao contrário das fábulas de Esopo que integram a sua própria interpretação, nesta história, aprendi desde pequenino que isto aconteceu mesmo, que a serpente falou com Eva, que esta comeu do fruto proibido e induziu o marido no mesmo erro. Aprendemos também que a serpente tem, na verdade Satanás, o diabo, por detrás.

Nada no texto, permite esta interpretação. Em nenhuma parte do livro de Génesis, aparece qualquer referência ao famoso anjo do mal. Se fosse o caso, porque não seria dito no próprio texto que era o diabo que falava através daquela serpente especial, como acontece em livros mais tardios, como Job?

Como acontece nos mitos das origens, o episódio acaba com a referência a factos conhecidos do mundo: a sujeição do homem ao trabalho, da mulher às dores no parto e da serpente a rastejar sobre o ventre e a ser pisada pelos homens (Gen. 13-16). É um conto fantasioso que explica certos factos da realidade. Numa interpretação literal, diríamos que a serpente (sinédoque de cobra?) só começou a rastejar após este episódio e que a mulher tem dores de parto, por causa do pecado original.

Caim e Abel

Na história de Caim e Abel, capítulo 4 de Génesis, vemos que a agricultura e a patorícia aparecem logo na segunda geração humana. Dos dois primeiros filhos de Adão, um torna-se agricultor, o outro pastor. Caim oferece frutos da terra a Deus, ao passo que Abel oferece cordeiros. Deus aceita a oferta de Abel, mas rejeita a de Caim. Este, despeitado, mata o irmão. Um crime passional, com Deus pelo meio!

Esta história ganha todo o sentido se interpretarmos o conflito como uma disputa entre povos de agricultores e de pastores nómadas, afirmando a predilecção de Deus pelos nómadas e pelos sacrifícios de animais. Como a historiografia israelita mais recente tende a confirmar, o povo judaico tem provavelmente origem em tribos de pastores nómadas que vagueavam por entre as populações agrícolas e urbanas cananeias.

Mas na narrativa bíblica nada disto nos é dito. Temos apenas dois homens que querem honrar Deus, cada um à sua maneira, com o que a sua natureza lhes permite oferecer. Perante isto, temos uma preferência divina inaceitável, mas compreensível à luz dos conflitos históricos acima referidos de uma pressuposta alegoria que passa pelo cordeiro como símbolo do sacrifício de Cristo.

O dilúvio

No capítulo 6 de Génesis, Deus decide matar toda a humanidade à excepção de Noé e da sua família. A culpa é dos filhos de Deus que se apaixonaram pelas mulheres dos homens e delas geraram seres poderosos e monstruosos. Por isso, a humanidade vivia na maldade.

É um mito antigo com muitas semelhanças e evidente genealogia comum com a história suméria de Gilgamés. Mas para um crente na Bíblia, é na história de Noé que está a originalidade. A possibilidade de inserir casais de todas as espécies de seres vivos numa espécie de barco construído por Noé é impensável a não ser para alguns fundamentalistas da leitura literal da Bíblia.

É, sem dúvida, uma bela história, mas dificilmente passa numa simples análise ética. Primeiro, a estranheza por apenas um homem com a sua família merecer a salvação. Depois, a culpa atribuída por Deus aos homens quando o próprio texto a atribui, antes, aos filhos de Deus. Finalmente, a irrascibilidade divina:

"Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito." (Gén. 6:7)

Entretanto, Deus condói-se, aprecia Noé e muda de ideias. Avisa-o e depois dá-lhe as instruções para a construção da arca:

"O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra." - declara Deus a Noé (Gén. 6:13)

À violência humana, contrapõe Deus a sua violência final.

Na instrução para os animais a levar para oa arca, há uma distinção que aqui parece ancrónica: dos animais limpos levam-se sete elementos; dos não-limpos, só um casal para conservação. Trata-se de convenções alimentares judaicas de que ainda não tinha havido referência (Deuteronómio, 14).

Ao fim e ao cabo, trata-se da mesma projecção do presente narrativo sobre o passado narrado que encontramos em Caim e Abel. Como se Caim tivesse que se ater a recomendações rituais que aparecem muito depois: o sacrifício de animais a Deus em Levítico:

"Quando algum de vós oferecer oferta ao SENHOR, oferecerá a sua oferta de gado, isto é, de gado vacum e de ovelha." (Lev. 1:2)

Sodoma e Gomorra

Em Génesis, 19, aparece a história de Sodoma e Gomorra que são destruídas por Deus por causa do mau comportamento dos seus habitantes. Trata-se de práticas homossexuais, pois os sodomitas querem apoderar-se dos anjos que vêm avisar Lot e não aceitam as filhas deste em troca. No cenário de Sodoma e Gomorra em chamas, vemos Lot e a família em fuga. A mulher transforma-se em estátua de sal por infringir a interdição de olhar para trás. Lot fica sozinho com as filhas. Estas, desejando dar descendência ao pai, emebedam-no, deitam-se com ele e dão origem a dois povos diferentes. É extraordinário que após a grave punição de Sodoma e Gomorra, tenha lugar este incesto, sem que nada o impeça, e sem qualquer consequência nefasta para as filhas pecadoras.

Assim, as intervenções divinas surgem no decorrer de ataques de ira e não como a aplicação equitativa a todos dos mesmos princípios de justiça.

Conclusão

Fico-me por estas três histórias que mostram sem qualquer dúvida, um Deus tribal, violento e impulsivo, dado a ataques de ira, mas também ao perdão. Não diverge em geral  dos deuses de outras mitologias, neste aspecto particular. Este Deus ganha toda a sua credibilidade no contexto duma história partilhada por israelitas e cananeus, povos de difícil distinção, em que o primeiro, constituído essencialmente por pastores nómadas das montanhas, se opõe aos sedentários agrícolas e urbanos das terras baixas no período que precedeu a formação da monarquia israelita do século VII a.c..

Há uma recepção de histórias mais antigas que são rescritas de acordo com os interesses ideológicos do reino de Israel. Assim se projectam nas origens da humanidade particularidades rituais judaicas.

Este Deus tribal, vingativo, irado e errático nas suas decisões torna-se para nós violento por contraste com a cultura cristã que herdámos e que apareceu cerca de quase mil anos depois da geração dos livros que se atribuem tradicionalmente a Moisés.

A mudança do Deus privativo dos judeus para o Deus universal dos cristãos é uma mudança fundamental que revela a historicidade e a humanidade de ambos.

A violência que Saramago denuncia na Bíblia não é intrínseca à doutrina ou ao texto bíblico, mas generalizada a todos as mitologias, povos e civilizações.

As religiões cristã e hebraica serviram tanto como suporte ideológico para o Estado como para a dissidência e a luta contra a opressão. A história da Inquisição e das cruzadas tem a ver com a estrutura política dos estados europeus e da Igreja que também cometeu crimes hediondos. Não nos podemos esquecer que entre as suas vítimas estão também pessoas que queriam que os cristãos tivessem o direito de ler a Bíblia na sua língua.

Creio que a evangelização cristã tornou menos violenta a Europa Medieval do que o seria não cristianizada. Pense-se, por exemplo, nos Vikings que antes de cristianizados eram verdadeiramente sanguinários.

Não é só a religião que nos dá o direito de matar o nosso semelhante sem remorsos. Muitas ideologias políticas o permitem. Nacionalismo, marxismo-leninismo, nazismo,  fascismo, maoismo, fundamentalismo islâmico têm uma quota parte de horror na história humana em nada inferior à dos que se reclamam do legado bíblico. Se a Igreja oprimiu Galileu e matou Girodano Bruno, os revolucionários franceses mataram gratuitamente o maior cientista do seu tempo, Lavoisier.

13
Out09

Maité Proença

Redes

Muito antes de ser objecto de notícia na RTP, já eu tinha recebido de um colega a notícia do famoso vídeo de Maitê Proença sobre Portugal.

Não se percebe o propósito do vídeo. Para ela, como para qualquer turistazinho labrego ou novo rico - brasileiro ou de outro país qualquer - Portugal resume-se à zona de Sintra e Belém. De Sintra, a única coisa que vemos é uma porta e de Belém, uma parte dos Jerónimos fimada no escuro, em infravermelhos, e pouco mais. A actriz faz-se acompanhar de um "camera man" como se estivesse a fazer um programa cultural. Para a qualidade do resultado, não deixa de ser caricato.

Apresenta Sintra, como "uma vilazinha perto de Lisboa". De facto, precisava de dizer, pois só por milagre um "habitué" de Sintra reconheceria as imagens que apresenta como sendo dessa terra. Tudo para mostrar um número de porta invertido como sinal de estar em Portugal. Qualquer pessoa inteligente ao ver tal facto estranho perguntar-se-ia "porque raio está aquele 3 ao contrário?". Maité Proença rapidamente o atribuiu à portuguesidade do dono da casa. Poder-se-ia concluir que os portugueses não sabem pôr direito os números de porta, especialmente o "3".

Pisca o olho ao espectador sugerindo: "vamos", "follow me". Aparentemente, iria subir Sintra até à zona do castelo ou a algum dos palácios. Não! Vemo-la já nos "pastéis de Belém" que têm a faculdade de a entupir.

Na cena seguinte, já a vemos a apontar para os Jerónimos e para o mar - é ela que diz que é o mar. "É o mar, Daniel?" O rapaz responde primeiro que sim numa evidente referência à enorme amplidão do estuário, mas que logo corrige "é o Tejo". Depois de ser esclarecida, Maité anuncia com ar professoral: "Vou apagar a borrada que ele falou. É o rio Tejo!" Fantástico! Repete o que aprendeu com o outro para o corrigir!

Salazar, ditador por mais de vinte anos... Ninguém tem a obrigação do rigor histórico, sobretudo se não estiver a fazer vídeos para a televisão e não for uma personalidade conhecida.

A "éblouissance" cultural resume-se aos túmulos dos Jerónimos. Depois dos claustros do mosteiro, numa breve referência ao manuelino atribuído a D. Manuel e ao seu gosto - coisa parola de quem não sabe nada de história, já agora o estilo Luís XV tem a ver com o gosto do rei homónimo e por aí adiante - a actriz assume um ar solene de quem vai dizer alguma coisa que os portugueses não podem ouvir.

O que é? Um incidente de hotel! O hotel de 5 estrelas não dispõe de serviço de informática e o técnico que se apresentou olhava para o rato de computador "como se fosse uma capivara" e, finalmente, chamaram o porteiro que também não lhe resolveu o problema do "email". Este episódio serviu para concluir que os portugueses são esquisitos e atrasados já que ninguém lhe resolveu no hotel o problema dos emails. Bela conclusão: se você for a Portugal, é melhor levar um técnico de informática consigo  senão não poderá enviar emails.

No final, ficamos a saber que os emails sempre chegaram. Afinal o rato virou capivara nas mãos de Maité. Como ao longo da peça, a ignorância dos outros, seja a do Daniel, seja a do português que pôs o número de porta ao contrário, seja a do hotel, radica na sua própria. A ignorância de Maité, de uma mulher que é muito bonita, que fica muito bem a cavalgar nua nas grandes extensões brasileiras, mas que, em defesa desta bela imagem, não devia fazer vídeos, mesmo que sejam só para apresentar num programa de televisão onde algumas belas matronas se divertem a falar de superficialidades.

Mas Maité expressa apenas um preconceito conhecido dos brasileiros, especialmente da élite cosmopolita, cultural e intelectual, que não parece ser o caso desta actriz, que Portugal á apenas uma "terrinha". Vir à Europa, é vir a Paris, não a Lisboa. A origem desta sensibilidade está no século XIX, quando a burguesia portuguesa queria manter o papel de intermediária entre o Brasil e a Europa. Os portugueses do Brasil, assim como os de outras nacionalidades, brasileiros logo a seguir à independência, reagiram contra isso e queriam ligar-se de modo directo aos grandes centros europeus, quer em termos comerciais, quer culturais.

Estou farto de dizer a amigos brasileiros que não têm nada que ter esse preconceito. Sobretudo que não olhem para nós como "seus antepassados". Nós temos antepassados comuns, isso sim, mas Portugal não parou no tempo, para o Brasil avançar sozinho.

Portugal é um país de tamanho médio em termos europeus. Teve um papel importante na história mundial e na do Brasil, em particular. É suficientemente grande para ter muitas portas, muita gente ignorante - tal como o Brasil, - muita gente ineligente - como o Brasil  -, muitos hotéis, uns bons, outros piores - como o Brasil, etc. Tomar uns pelos outros, o particular pelo geral, a parte pelo todo é uma pura expressão de preconceito e uma manifesta falta de inteligência.

Em termos de pura literacia e rendimento médio somos muito superiores ao Brasil, mas em termos de volume somos muito inferiores. Mas isso não passa de estatística. O povo brasileiro não é mais inteligente que o português, nem o inverso. E nenhum português, assim como nenhum brasileiro, pode ser reduzido a um conjunto de estereótipos que de facto não se encontram na realidade.

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