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Sem Rede

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

Sem Rede

24
Nov11

O mapa

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(http://www.tintinabuller.com/PBSCCatalog.asp?ItmID=2164662)

De Shuiten & Peters, La Frontiere Invisible.

 

Nas costas da sua amada, encontrou o herói um mapa do universo.

Explorou-o meticulosamente e concluiu: "Finalmente, sei que estou perdido".

Para que serve um mapa senão para sabermos que estamos perdidos?

18
Nov11

O humano e o divino

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Fez Deus o homem para que ele lhe descobrisse os limites. Deus sentia-se só na sua omnipotência. Tanta era que Ele ignorava o seu fim e o seu princípio.
O homem veio e mostrou-lhe os erros da criação.
E Deus viu que era bom. E por onde errava o homem já Deus errara primeiro.
Por isso, escreve Holderlin que só compreende o divino quem tem um pouco dele.
15
Nov11

Devem os nazis ter os mesmos direitos que os outros partidos?

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Esta é a questão que está em cima da mesa no debate entre a CDU e o SPD, a propósito da ilegalização do NPD, o partido que está relacionado com os neonazis implicados na violência racista dos primeiros anos do milénio.

A situação é similar a alguém que quer entrar num jogo com a intenção de acabar com ele. Foi exactamente isso que aconteceu em 1933. O partido de Hitler ganhou as eleições, mas numca teve maioria parlamentar para mudar o regime. Foi um governo minoritário que pôs fim ao jogo democrático e às liberdades e direitos civicos.

O mesmo aconteceu em outros tempos e lugares com outros protagonistas que de "democrático" têm muito pouco. Lembremo-nos dos bolcheviques que eram de facto minoritários nos sovietes operários e ainda mais minoritários no panorama político global (na representação na Duma, parlamento russo). Foi o partido armado que tomou o poder, primeiro dentro do soviete de Petrogrado, contra a maioria de representantes que tinham outras filiações - mencheviques, socialistas-revolucionários e anarquistas. O que é certo é que a chamada revolução de 1917 foi um golpe dum partido minoritário dentro do próprio movimento operário.

De facto, a ideia do partido armado teve a sua grande aparição com os bolcheviques e foi copiada, depois pelos fascistas italianos e pelos, nazis alemães. A consulta popular pelo voto é desprezada como coisa "formal", "burguesa", tanto por comunistas como por nazis. O líder impõe-se primeiro aos seus seguidores e, depois, ao povo essencialmente através do medo, da coerção e do policiamento das ideias que foi o que aconteceu em todos esses regimes.

 

14
Nov11

Um lobo no rebanho

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Uma pacata aldeia, localizada a 30 km de Hannover está em estado de choque. Descobriram com estupefação que um dos seus vizinhos - um homem reservado, mas afável - era um assassino há muitos anos procurado pela polícia. Holger G. pertencera à célula terrorista neonazi de Zwickau que, entre 2000 e 2007, assassinara oito emigrantes turcos, um grego e uma agente da polícia, assaltara bancos e preparara ataques bombistas. Holger seguia os hábitos dos cidadãos «normais», passeava o cão e saudava os vizinhos.

Como é que um dos protagonistas de acontecimentos tão recentes pode viver numa aldeia sem levantar suspeitas?

Qualquer que seja a inocência destes pacatos aldeões, ficam de pé várias questões para os alemães resolverem. Uma delas é a responsabilidade que partidos da extrema-direita têm nestes crimes e na proteção aos criminosos procurados pela polícia.

Para nós, ovelhas e cordeiros, fica a advertência de que lobos se podem abrigar escondidos no rebanho, à espera de novas oportunidades para arreganharem os dentes.

08
Nov11

Dar dinheiro aos pobres leva à decadência?

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Em relação ao post referido no item anterior que critica o economista espanhol citado em http://correntes.blogs.sapo.pt/1216240.html, não contesto que alguns dos factos económicos citados tenham acontecido em várias épocas da longa história do Império. Escassez de cereais para alimentar uma cada vez maior população urbana terá acontecido em Roma e em várias outras cidades do império, em menor escala. A falta de interesse na sua produção por parte dos agricultores, também. A magistral lição do senhor Jesus sugere explicitamente que dar dinheiro aos pobres leva à decadência. Ora bem, sabemos que o crescimento económico euro-americano que durou do fim da segunda guerra até à actualidade, um dos maiores períodos de crescimento da historia, com realizações notáveis como o modelo social europeu e a também notável segurança social americana, com um orçamento que Milton Friedmann dizia superior ao próprio orçamento de estado da URSS, baseava-se no aumento da procura através precisamente do subsídio dos desempregados e das reformas. Estamos numa perspectiva keynesiana totalmente adversa ao que Jesus diz no video.

Contesto que esses fatos conjunturais da economia expliquem suficientemente a queda do Império. De resto, as invasões do séc. V são um facto excecional que não tem comparação com qualquer outra ameaça que o Império tenha enfrentado anteriormente. Essas movimentações étnicas foram de longo alcance e tiveram impactos em quase todo o mundo habitado da altura, incluindo o império chinês.

08
Nov11

Paradise Lost and Regained

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Este post resulta do comentário a http://correntes.blogs.sapo.pt/1216240.html.

Paradise Lost and Regained é o título do célebre poema de John Milton que aponta para uma concepção circular da história que foi consagrada em alguns dos textos escatológicos da Bíblia. A história começa com uma perda no pecado original que tem que ser recuperada no fim dos tempos para dar lugar a um novo começo, um novo mundo sem pecado, em beatitude e felicidade plenas.

A ideia de que tem de haver um fim "do mundo", ou "do sistema de coisas" como dizem alguns grupos religiosos milenaristas está funda na nossa mentalidade e passou para sistemas ideológicos que aparentemente tinham pressupostos muito diferentes.

No Manifesto Comunista de Marx e Engels, por exemplo, sugere-se que, tendo por base a dialéctica da luta de classes, a história da humanidade seguia etapas precisas designadas por "modos de produção" - comunismo primitivo, esclavagismo, feudalismo, capitalismo, socialismo e comunismo, de novo. Temos de novo um ciclo que vai do comunismo primitivo ao comunismo avançado, em que o pecado inicial é representado pela "exploração do homem pelo homem".

Marx era herdeiro da conceção hegeliana segundo a qual a história tem uma direção e um fim. A ideia de que a história acaba num novo sistema que deve ser a sua suprema razão está impregnada na nossa cultura. Em particular, existe a obcessão de que os tempos que vivemos são de decadência do nosso actual sistema quer lhe chamemos "capitalista", quer "ocidente". Assim, temos uma concepção triunfalista da história no Fukuyama hegeliano que elige a democracia atual como o sistema final da história do mundo (cf. O fim da história e o último homem). Isto parece ser o contrário da decadência de Spengler, na sua obra A decadência do Ocidente.

Creio que estamos armadilhados não só pela escatologia bíblica, mas por uma particular interpretação que radica em vários dos primeiros padres da igreja, entre os quais, Santo Agostinho que, vivendo, no final do império romano, profundamente impressionado pelo saque de Roma pelos germanos, via no fim do império cristão, o início da Jerusalém espiritual profetizada em Apocalipse. Portanto, ao fim do império suceder-se-ia um novo mundo espiritual. Esse fim terreno resulta dos pecados dos homens. Cai a cidade de Deus terrena - Roma, capital do império cristão - para dar lugar à cidade celestial.

O império romano é uma das fases da história do mundo conformes às leituras que se fazem das profecias de Daniel (Cf. o livro de Daniel da Bíblia) - primeiro seria o egípcio, depois o assírio, o babilónico, o persa, o grego e, finalmente, o romano, aquele que, na leitura cristã, veria chegar o novo rei de um novo reino celestial, Jesus Cristo.

Esta conceção histórica está presente sob formas diferentes em muitos dos que procuram interpretar os sinais da história e o caso do império romano aparece como a grande lição com que importa comparar o nosso tempo. Os pecados variam consoante a variante ideológica em causa. Se for um conservador, acusará o fim das virtudes morais da família tradicional romana e colocará como paralelo, o casamento homossexual, a liberalidade sexual atual e a falta de respeito pelas hierarquias etárias e sociais. Se for um radical marxista, será o fim do sistema capitalista que acabará numa crise tal como acontecera com a crise do esclavagista império romano. Se é um liberal, procurará no império, o poder do Estado a asfixiar a economia, a subsidiar plebeus improdutivos, a impedir as virtudes do mercado, a torpedear a relação sagrada entre preço, oferta e procura.

Todas estes discursos resultam numa falsificação da história do império romano, numa dificulade em referir concretamente os tempos, por exemplo, o apontar com exatidão do início da dita decadência e as mudanças, as novidades históricas que justificam essa tese.

Ao fim e cabo, desembocam sempre num anacronismo, num presentismo inevitável.

05
Nov11

Relocalização

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Operário americano da Master Lock

(in http://www.uaw.org/articles/some-jobs-finally-return-master-lock)

Há várias empresas americanas a abandonar a China para voltar a produzir nos Estados Unidos Eis um exemplo: Some jobs finally return at Master Lock. Não pensem que se trata de um caso singular. O título do artigo do Expresso em que me baseio é sugestivo: "China devolve 3 milhões de empregos aos EUA".

Este movimento teria que acontecer num momento ou noutro. A economia tem muito a ver com os vasos comunicantes. Se os salários chineses sobem, as vantagens competitivas perdem-se, pois há muitos outros custos que penalizam as exportações chinesas: tarifas alfandegárias, transporte, etc.

Mas há um fator que não é tido em conta no artigo que li hoje no Expresso, Economia sobre este assunto. Se o destino dos produtos que marcas americanas produzem na China é o mercado americano, os americanos têm que ter rendimentos para serem esse mercado. Se estão no desemprego, têm menor poder de compra.

À medida que sobem os salários chineses, diminuem os americanos - os vasos comunicantes de que falei atrás. Assim, a Ford paga o trabalho a 14 dólares à hora, menos 10 dólares do que há cinco anos atrás. Acrescenta-se que a descida salarial americana não tem que chegar ao nível salarial chinês, pela simples razão de os americanos serem muito mais produtivos - diz um fabricante de cadeados que os americanos produzem 30 vezes mais cadeados. A diminuição do nível de vida não segue na mesma proporção, pois os preços também se mantém baixos, ou diminuem numa economia baseada na livre concorrência.

Creio que a crise europeia é uma peça neste reajustamento entre as economias emergentes e as economias desenvolvidas do velho e do novo mundo: "Eles sobem, nós descemos".

05
Nov11

"Privatizar é preciso" - uma posição corajosa

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Hoje no Expresso, Mário Crespo defendeu a privatização da RTP. Sabendo que o seu patrão - Balsemão - é contrário a essa posição, temos que lhe bater palmas. Além disso, Mário Crespo rebate a posição de Balsemão. Não, o mercado publicitário não se esgota com mais um canal. Que aconteceu o mesmo com a Fox, nos Estados Unidos, com os restantes opedradores a unir-se contra o licenciamento de mais uma empresa de televisão.

Por outro lado, os trabalhadores que tentam entrar na carreira, só terão a ganhar com mais um competidor. Significa mais postos de trabalho. 

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