Inutilidade dos exames para a classificação dos alunos no 2º ciclo
O ministro Nuno Crato anunciou que os exames passariam a ter um peso maior no próximo ano.
Atualmente com um peso de 25% na classificação do aluno, o exame não é suficientemente motivador para os alunos que queiram melhorar a sua nota nem para moderar a atribuição de notas pelos professores.
Isso deve-se à estreiteza da escala de 1 a 5. A nota só muda em casos em que haja uma diferença de 2 níveis entre o exame e a frequência. Na prática, os professores não podem contar com os exames para nenhuma estratégia que vise motivar pela positiva ou pela negativa os seus alunos.
Se o professor atribuir 2 na frequência, o aluno já sabe que não vale a pena preparar-se. Em nada, será alterada a sua situação, pois passar de 2 para 4 é um cenário em que não vale a pena apostar em disciplinas como Língua Portuguesa e Matemática que necessitam de uma maturidade que demora bastante tempo a desenvolver.
A alteração do peso do exame de 25 para 30% não melhora em nada esta irrelevância:
Exame com peso de 25% |
Exame com peso de 30% |
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Frequência |
Exame |
Final |
Frequência |
Exame |
Final |
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1 |
3 |
2 |
1 |
3 |
2 |
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1 |
4 |
2 |
1 |
4 |
2 |
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1 |
5 |
2 |
1 |
5 |
2 |
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2 |
4 |
3 |
2 |
4 |
3 |
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2 |
5 |
3 |
2 |
5 |
3 |
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3 |
1 |
3 |
3 |
1 |
2 |
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3 |
5 |
4 |
3 |
5 |
4 |
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4 |
1 |
3 |
4 |
1 |
3 |
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4 |
2 |
4 |
4 |
2 |
3 |
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5 |
1 |
4 |
5 |
1 |
4 |
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5 |
2 |
4 |
5 |
2 |
4 |
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5 |
3 |
5 |
5 |
3 |
4 |
Como se pode ver pela tabela acima, mantém-se exatamente a mesma situação. Os poucos casos em que o exame tem maior relevo são muito pouco prováveis.
Para dar algum peso aos exames, teríamos que ampliar a escala ou aumentar o seu peso para 50%. Ponho liminarmente de parte esta última hipótese, pois os exames não conseguem avaliar todas as competências programáticas.
Considerando a primeira hipótese, a escala da classificação final - de 1 a 5 - não precisava de ser ampliada. Bastaria que os elementos de avaliação que concorrem para esse resultado tivessem uma escala mais ampla. Nesse cenário, os professores atribuiriam as notas com aproximação a uma escala decimal e os exames teriam os seus resultados com a mesma aproximação.
Essa mudança faria todo o sentido. O grau de aproximação à unidade dos elementos que afluem à classificação final deve ser menor do que a dos números que expressam esse resultado.
O número de combinações possíveis entre resultados aumentaria estrondosamente, mas, uma vez que o aluno saiba o resultado da frequência, pode calcular o que necessita de ter no exame.
Por exemplo, com um peso de 25%, um aluno que tivesse 2,2 na frequência, necessitaria apenas de ter 3,4 no exame para ter o nível positivo de 3. Ora, com as mesmas notas aproximadas à unidade, o mesmo aluno tem agora 2.
Com a mudança para 30% no peso do exame, basta a um aluno ter uma classificação de 2,2 na frequência e de 3,2, no exame, para ter o nível 3, sem lhe ser requerido subir para 4.