Os homens de que precisamos - Rui Tavares
Rui Tavares é um dos homens de que precisamos neste país.
Este homem devia ser mais do que eurodeputado, no interesse público!
Há os que estão preocupados com a roubalheira, com o deve e o haver das contas públicas e com o consumo excessivo do povo português que vive acima das suas possibilidades, mas não apontam o dedo para as caras certas, nem fazem todas as perguntas incómodas. Não digo que não tenham razão no que dizem, mas faltam-lhes muitas razões, para poderem exibir limpidamente a que eventualmente tenham.
Pelo contrário, Rui Tavares, diz-nos para onde devemos olhar quando falamos de contas públicas. Agora, que vamos pagar mais um banco falido - o BANIF, recordo o que Rui Tavares escreveu a propósito do BPN, há algum tempo ("Requisitório ao regime", Público, 31 Dezembro 2012).
Aponta o dedo a Duarte Lima, Oliveira e Costa, Dias loureiro, Aprígio Santos, Almerindo Duarte e outros que benficiaram de dezenas de milhões de euros em empréstimos perdulários que os portugueses estão a pagar agora.
E pergunta: como é que o governo pode estar a cortar rendimentos dos cidadãos na ordem dos milhares de milhões de euros e simultaneamente estar a envividar-se em cerca de 3,5 mil milhões para pagar este buraco?
Temos que exigir duas coisas: que os que devem dinheiro ao BPN paguem cabalmente as sua dívidas ou que sejam processados como acontece a quem não consegue pagar o empréstimo para a habitação.
Lembro-me de Teixeira dos Santos dizer que os contribuintes não iriam pagar nada do BPN(1)! Como me recordo de ouvir Sócrates assegurar que SCUT, alta velocidade e aeroporto não teriam custos para o Estado (2). - Deviam ser processados por burla, tendo em consideração as garantias que deram aos privados nesses contratos que nos custam os milhões anuais que todos sabemos.
Eles (que são também, estes, agora, o BANIF, vai mostrar que são sempre os mesmos!) esperam que nós nos esqueçamos do que eles disseram, que os custos do BPN, do BANIF e outros que tais se diluam na dívida pública como uma doença crónica num corpo já doente, tanto de doença quanto de cura.
Não tenham a menor dúvida: para esta elite, vocês, milhares de reformados, funcionários públicos e trabalhadores que vivem dos seus salários, valem menos do que aquelas dezenas de nomes que vieram do cavaquismo ou do soarismo e vivem à conta do orçamento de estado.
(1)«A nossa preocupação aqui é, de facto, fazer com que os eventuais custos sejam mínimos e, se possível, que não haja custos para os contribuintes que resultem desta operação», disse Teixeira dos Santos. Onde está ele agora? (http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1038904)
(2) O TGV seria financiado pelo Estado em 40%, o resto seria investimento comunitário. Estaria a contar em recuperar com a exploração 38%. É este otimismo delirante que nos custaria mais milhões de endividamento. Como aconteceu com os estádios de futebol em que o mesmo Sócrates esteve envolvido, antes de ser governo.