Programas de ensino e programas de legislatura
Parece que apenas o Bloco de Esquerda está preocupado com o desastre do plano curricular do atual governo. Sem uma análise crítica fundamentada e discutida, foram alterados programas de ensino do português e da matemática no ensino básico e no secundário.
Na disciplina de português, foram impostas de forma discricionária listas de obras de leitura obrigatória que têm como único fundamento as opções dos autores, excluindo, é claro, os poucos títulos que constituem referências culturais incontornáveis. Retirou-se assim aos professores um direito fundamental: o de escolher as leituras dos seus alunos, um elemento essencial do prazer de ensinar. Voltámos ao velho livro de leitura e ao caderninho de notas que o professor carrega anos a fio, a ler os mesmos textos de um cânone imposto pelo governo.
Produziram-se programas a que falta o mínimo de coerência taxonómica, destruindo anos de trabalho e debate no seio da comunidade docente das duas disciplinas consideradas. A única coisa a fazer deve ser o que o Bloco de Esquerda propõe: revogar os programas em causa e repor os anteriores, recuperando o investimento feito antes deste acidente.
O jornal
reporta as opções partidárias em termos curriculares.