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"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

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21
Nov15

USA: um entalanço estratégico

Redes

Entre republicanos e "liberals" - como esquerdistas, ex-trotskistas, anarquistas e etc. são chamados nos Estados Unidos - parece haver muita similitude de argumentos, quando se trata de criticar a política externa de Obama.

Para os primeiros, Obama é culpado de

  1. sair do Iraque, deixando o país nas mãos dos xiitas e do Irão
  2. ter potenciado a transformação da Al Qaida do Iraque no atual ISIS
  3. estar a atacar o ISIS servindo de força aérea do seu arqui-inimigo, o Irão e do regime de Assad que é satélite deste - os Estados Unidos pelo ar com o exército sírio, a guarda revolucionária iraniana e o Hezbollah por terra

Os esquerdistas fazem coro com a política russa. Para eles, tudo serve para atirar à cara de Obama:

  1. o que os republicanos consideram uma incompetência estratégica, é para eles uma continuidade política intencional, coerente com a política externa da administração Bush
  2. os americanos desestabilizaram os estados árabes
  3. criaram o ISIS em cumplicidade com a Arábia Saudita, a Turquia, e os outros estados do Golfo com o objetivo estratégico de destruir os principais inimigos comuns de Israel e dos estados sunitas - a Síria e o Hezbollah

Agora que a França dramatizou o mais recente ataque terrorista do ISIS, os Estados Unidos estão confrontados com soluções que se encontram entre estes dois extremos: 

  1. acabar com o ISIS sem qualquer intervenção com tropas terrestres e deixar o Irão tornar-se na maior potência regional, agora que já controla o Iraque, com a Síria reabilitada, em aliança com a Rússia. Esta solução não convirá nem à Turquia nem à Arábia Saudita, nem a Israel.
  2. acabar com o ISIS entrando com tudo, com apoio maciço aos outros movimentos, conselheiros militares e tropas especiais no terreno, dificultando a vida a Assad e à Rússia, dispensando o Irão, que é a solução que convém aos sunitas, à Turquia e a Israel. O preço será mais mortes e decapitações de soldados e conselheiros americanos, entre outras coisas desagradáveis.

Enfim, creio que Obama sabe que só tem más soluções, preso, com cão ou sem ele. Um presidente republicano inclinar-se-ia mais para a segunda hipótese. Seria melhor?

Nesta peça podem ver como raciocinam os republicanos: Obama's Emotional Reaction to ISIS

09
Nov15

O problema da anáfora

Redes

Na simplificação escolar a que recorremos, a anáfora aparece como um mera repetição do já dito. Contudo, uma análise mais fina revela algumas dificuldades. Por exemplo,

  • (1) "Alguns jogadores fizeram um jogo muito violento. Eles foram expulsos pelo árbitro"

Se "eles" for substituído pela expressão que supostamente substitui surgem problemas de referência:

  • (2) "Alguns jogadores fizeram um jogo muito violento. Alguns jogadores foram expulsos pelo árbitro"

Nada nos garante que os jogadores referidos em (2) na segunda frase são os mesmos da primeira. A única coisa que podemos dizer com segurança é que em (1) "alguns jogadores" e "eles" têm a mesma referência, isto é, são expressões "correferentes". Ver a este respeito, o velhíssimo Dicionário das ciências da linguagem de Ducrot e Todorov (Lisboa, D. Quixote, 1988, pp. 338-340).

É de facto uma questão mais importante do que parece, uma vez que referência e palavras ou expressões (signos) são coisas distintas. Quando se fala da anáfora como figura de linguagem, o que temos usualmente é a mera ideia de repetição de palavras. Neste sentido, "alguns jogadores" em (2) é uma anáfora que pode no contexto não coincidir com a referência.

Na Wikipédia, "Anáfora" aponta precisamente para esta mera repetição com efeito literário. Em InfoEscola, expressa-se a mesma ideia.

Observemos o poema de Cecília Meireles citado no artigo e assinalemos as anáforas do ponto de vista da referência e do ponto de vista do significante (palavra, expressão, signo). Assinalo a repetição dum significante a azul e outras palavras que partilham a mesma referência a verde.

No último andar é mais bonito:
do último andar se vê o mar.
É que eu quero morar.

O último andar é muito longe:
custa-se muito a chegar.
Mas é que eu quero morar.

Todo o céu fica a noite inteira
sobre o último andar.
É que eu quero morar.

Quando faz lua, no terraço
fica todo o luar.
É que eu quero morar.

Os passarinhos se escondem,
para ninguém os maltratar:
no último andar.

De se avista o mundo inteiro:
Tudo parece perto, no ar.
É que eu quero morar:

no último andar.”

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