USA: um entalanço estratégico
Entre republicanos e "liberals" - como esquerdistas, ex-trotskistas, anarquistas e etc. são chamados nos Estados Unidos - parece haver muita similitude de argumentos, quando se trata de criticar a política externa de Obama.
Para os primeiros, Obama é culpado de
- sair do Iraque, deixando o país nas mãos dos xiitas e do Irão
- ter potenciado a transformação da Al Qaida do Iraque no atual ISIS
- estar a atacar o ISIS servindo de força aérea do seu arqui-inimigo, o Irão e do regime de Assad que é satélite deste - os Estados Unidos pelo ar com o exército sírio, a guarda revolucionária iraniana e o Hezbollah por terra
Os esquerdistas fazem coro com a política russa. Para eles, tudo serve para atirar à cara de Obama:
- o que os republicanos consideram uma incompetência estratégica, é para eles uma continuidade política intencional, coerente com a política externa da administração Bush
- os americanos desestabilizaram os estados árabes
- criaram o ISIS em cumplicidade com a Arábia Saudita, a Turquia, e os outros estados do Golfo com o objetivo estratégico de destruir os principais inimigos comuns de Israel e dos estados sunitas - a Síria e o Hezbollah
Agora que a França dramatizou o mais recente ataque terrorista do ISIS, os Estados Unidos estão confrontados com soluções que se encontram entre estes dois extremos:
- acabar com o ISIS sem qualquer intervenção com tropas terrestres e deixar o Irão tornar-se na maior potência regional, agora que já controla o Iraque, com a Síria reabilitada, em aliança com a Rússia. Esta solução não convirá nem à Turquia nem à Arábia Saudita, nem a Israel.
- acabar com o ISIS entrando com tudo, com apoio maciço aos outros movimentos, conselheiros militares e tropas especiais no terreno, dificultando a vida a Assad e à Rússia, dispensando o Irão, que é a solução que convém aos sunitas, à Turquia e a Israel. O preço será mais mortes e decapitações de soldados e conselheiros americanos, entre outras coisas desagradáveis.
Enfim, creio que Obama sabe que só tem más soluções, preso, com cão ou sem ele. Um presidente republicano inclinar-se-ia mais para a segunda hipótese. Seria melhor?
Nesta peça podem ver como raciocinam os republicanos: Obama's Emotional Reaction to ISIS