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Sem Rede

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

Sem Rede

14
Fev16

O falhanço da compensação educativa

Redes

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O que mostra este gráfico da OCDE que retirei do Público?

Portugal é um dos países que tem mais alunos com baixíssimos níveis em literacia detetados no PISA, níveis que tornam as tarefas normais da cidadania e do trabalho irrealizáveis. Tal fracasso é associado no relatório da OCDE à percentagem de alunos que são retidos em vários anos da sua progressão escolar.

Se observarmos o quadro, verificamos que, além dos "chumbos", Portugal recorre a uma outra estratégia que é a da compensação educativa, isto é, oferece mais horas de apoio aos alunos com dificuldades do que qualquer outro país.

Para além da baixa espetativa de pais e professores que fica plasmada nos chumbos, a aliança destes com os apoios educativos, aparentemente dá mau resultado.

Se um aluno não consegue seguir um curso normal, não adianta acrescentar apoios. Se estes versam sobre os itens da aula, o resultado pode ser o aluno desprezar um deles. Se versa sobre pré-requisitos que o aluno não tem, a melhor solução para o aluno pode ser aprender no apoio e brincar na aula.

A ideia de assegurar os prerrequisitos estava presente no ministério de Nuno Crato. As metas tinham essa intenção, mas não nos diziam o que fazer no caso, mais que certo, de haver muitos alunos que não as conseguem cumprir. O resultado é, de acordo com as normas, reprová-los. Uma parte importante destes repetentes deixa de acreditar na possibilidade de aprenderem alguma coisa.

Neste sistema de expetativas mediocres, a felicidade da passagem de ano pode resultar em aprendizagens importantes não realizadas principalmente nos casos em que os alunos passam "à risca".

Qual é a solução?

Cursos de jardinagem e de bar para os alunos mais fracos? Esta solução confirma as nossas baixas expetativas de esses alunos poderem aprender matemática, ciência, línguas estrangeiras e leitura e escrita na sua língua. Na verdade, poderíamos tirar a conclusão inversa: se um aluno não consegue aprender um determinado conteúdo num determinado período, provavelmente precisa de mais tempo para o fazer. O problema é que a ideia de repetição marca uma ruptura nesse processo em vez de dar continuidade à sua aprendizagem.

Se partirmos do princípio que os programas são uma estrada aberta e não etapas fechadas, ano a ano, teremos a preocupação de ver em que ponto é que um aluno se encontra nesse trajeto. O programa a ser lecionado a um determinado grupo de alunos tem que ser ajustado aos requisitos que eles têm, sejam ou não repetentes. Nalguns casos, será preciso lecionar esses conteúdos num nível mais elementar (por exemplo, em história), noutros é necessário declarar que os alunos demonstraram no diagnóstico feito não estarem preparados, precisando de trabalhar conteúdos de anos anteriores (a Matemática, por exemplo). São opções pedagógicas que têm que ser tomadas com o objetivo de que o percurso escolar seja coerente. Assumidas essas opções, a formação de turmas e de grupos de alunos deve ter em conta os desempenhos anteriores para impedir que um aluno com um bom desempenho escolar tenha que estar a repetir aprendizagens já feitas; ou inversamente, um aluno fraco numa turma de alunos muito avançados de não obter resposta às suas dificuldades.

Nesta perspetiva, podemos ter uma escola que só reporta sucessos aos seus alunos: atingiste o nível tal a Matemática ou o nível tal a Ciências. Nunca teria de falar de insucessos nem de negativas.

O resultado disto pode ser haver alunos que chegam ao 9º ano com nívéis equivalentes ao 6º ou ao 7º. A esta objeção, tenho de replicar que isso já acontece hoje, com muitos alunos. Não só com os que seguerm os ditos cursos vocacionais como com os que vão passando de ano com fragilidades enormes. Se tivéssemos alguma dúvida sobre isso, os professores do ensino secundário tiravam-nas, com o desespero que sentem ao ensinar por exemplo, inglês a alunos do 10º ano.

No final, a escola pode propor para alguns alunos mais um ano (ou mais) de preparação para exame externo ou de escola ou, simplesmente, certificar com exatidão os níveis atingidos pelos alunos nas principais matérias. Se um aluno chegar ao 9º ano com níveis equivalentes ao 6º ano, não será mau de todo. Se duvidam, leiam as metas de matemática e de língua portuguesa do 6º ano!

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