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"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

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14
Dez20

TIMSS 2019

Redes

Os dois testes incluíram itens de matemática e ciências aplicados a amostragens da população de alunos do 4.º e do 8.º anos, respetivamente. No 4.º ano, Portugal piorou em relação a 2015. Sobre o último teste do Trends in International Mathamatics and Science Study, consulte o relatório oficial.

No Público, "Resultados TIMSS: Afinal de quem é a culpa, será que importa?", Alberto Veronesi conclui que a responsabilidade do menor desempenho é das políticas educativas do Governo do PS apresentando como evidências,

  1. a coincidência entre início do governo PS e o início da escolaridade da geração dos alunos testados;
  2. a mudança drástica das políticas educativas no periodo de 2015-2019;
  3. a diminuição da exigência em que "o esforço deixou de ser valorizado e arranja-se sempre uma forma para que não haja retenções";
  4. a publicação e implementação da Flexibilidade Curricular e das Aprendizagens Essenciais (2018-2019).

O primeiro ponto refere prescisamente o que tinha sido contestado pelo Secretário de Estado da Educação [1] com os seguintes argumentos:

  • A mudança curricular feita por este governo só teve efeito a partir de 2018, como António Veronesi refere (ver ponto 4). Portanto, o que está em causa é o programa de Nuno Crato. Este governo poderia ser criticado e é-o por muitos professores de Matemática por não ter mudado esse programa mais cedo - e não estou a defender que tenham ou não razão nestas críticas.
  • É errado atribuir a responsabilidade pelo sucesso do TIMSS (2015) à política educativa de Nuno Crato pelo mesmo motivo: a alteração curricular por ele feita só terá tido efeito a partir de 2015. Nas escolas, funcionava uma abordagem ao ensino da Matemática com base no programa de 2007 com uma formação específica de professores para esse efeito [2]

O mínimo que o articulista devia fazer era discutir estes argumentos do Secretário de Estado e não se limitar a repetir precisamente o que ele contestou. Quanto à exigência e ao número de retenções, verifica-se que a maior parte dos países com melhor desempenho nesse teste têm menos retenções do que Portugal (na Finlândia, são residuais; na Noruega, proibidas). Tudo o resto é irrelevante pois não se mostra nenhuma correlação entre as mudanças referidas e os resultados no TIMSS. Para isso, seria preciso analisar os itens do teste e as mudanças curriculares referidas e mostrar que teria havido alterações que prejudicaram os alunos no ano letivo 2018-2019.

Continuando no seu facilitismo e falta de exigência jornalística, António Veronesi remete para o artigo "PISA 2015: alunos portugueses ficaram pela primeira vez acima da média da OCDE" para comprovar que este governo teria reivindicado o sucesso nos resultados do PISA de 2015. Parece-me que essa mudança teria de refletir também mudanças mais profundas anteriores ao governo de Crato. Mas o artigo acima referido não diz nada sobre esse assunto.

No mesmo sentido da facilidade, rema Luís Aguiar-Conraria em "Passa-culpas para o Passos", no Expresso. 

Se bem que me pareça aceitável não se poder ainda atribuir qualquer efeito às mudanças curriculares do presente governo, é preciso analisar com rigor se os desempenhos programaticamente previstos coincidem com o requerido pelo TIMSS e, se concluirmos que importa mudar nesse sentido, que o façamos. Contudo, não é fácil justificar quer o sucesso quer o insucesso em testes internacionais recorrendo unicamente a enunciados programáticos: importa ver como essas diretrizes foram aplicadas num tempo mais longo já que há uma importante correlação entre resultados positivos e todo o percurso anterior do aluno e não unicamente os últimos dois anos.

Quanto ao título, "Resultados TIMSS: Afinal de quem é a culpa, será que importa?", diria, em resposta, que não é a culpa que importa, mas sim as políticas e os seus efeitos. Têm que ser analisadas as mudanças curriculares operadas pelos governos nos tempos que têm para produzir efeitos e descobrir, eventualmente, o que há a corrigir e a melhorar.  E a mudança está em curso: "Vem aí um novo currículo para a Matemática".

[1] Desempenho das crianças portuguesas a Matemática piora. Governo culpa políticas de Crato

[2] Desempenho português a Matemática no TIMMS dos mais novos

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