A conspiração do Goldman Sachs

O Goldman Sachs é um banco centenário, fundado em 1869.
Aparece agora relacionado com a crise do euro, como uma espécie de concílio secreto que governa o mundo nas costas dos governos e de outras instituições políticas internacionais, como uma espécie de loja maçónica ou mafia.
Não deixa de ser estranho que um banco que não aparece sequer no ranking dos 10 ou 20 bancos maiores do mundo e que não chega aos calcanhares do Deutsche Bank, do HSBC britânico, do Bank of America ou do Santander, apareça como "dono do mundo".
Na verdade, só se assenhoreou do que os outros deixaram. Por isso, a responsabilidade da crise financeira não é só deles, mas de todos os que realmente detém o poder.
A sua ação é mais produtivamente comparada com a dum vírus financeiro do que com a de quem quer conquistar o mundo, ou se quiserem com a dum menino traquinas que troca subreticiamente as cartas dos jogadores só com a intenção de se divertir à custa dos outros. Enquadra-se nestes parâmetros a camuflagem das contas gregas, cuja principal responsabilidade foi do governo grego de Kostas Karamanlis que o solicitou como cliente, adquirindo com essa operação de esconder o défice, a possibilidade de entrar no Euro e uma dívida com o Goldman que terá de ser paga até 2037, salvo erro.
Mesmo considerando o Goldman um banco especializado em divida soberana, o seu lugar é apenas de 18º, entre os operadores da dívida francesa, no ranking da agência do tesouro francesa.
As teorias da conspiração deliciam-se em mostrar no currículo de alguns crânios da alta finança, a experiência comum de terem estado no Goldman: António Borges, enquanto diretor do departamento europeu do FMI, Henry Paulson, secretário do tesouro americano, Mário Draghi, diretor do BCE e Mário Monti, primeiro-ministro da Itália. Contudo, não temos prova de que estas pessoas sejam peões do Goldman, pois a sua atividade é enquadrada pelas regras das instituições a que pertencem.