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"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

Sem Rede

23
Mar13

A crise portuguesa explicada a um Totó (eu)

Redes

Paul De Grauwe é quem melhor me explica as coisas na sua coluna do Expresso. Portugal, apesar de ter uma dívida elevada, apenas se tornou incapaz de pagar as suas obrigações por os juros terem subido - isto é, por ter-se tornado incapaz de colocar dívida a juros aceitáveis. Em consequência da crise financeira de 2008, os governos foram encorajados a aumentar o investimento público como medida anti-crise e os défices públicos elevados foram mais uma vez tolerados. Ouvimos várias vezes José Sócrates a justificar-se assim.

A crise grega agudizou a crise financeira que já vinha de 2008 e fez com que os mercados da dívida aumentassem os juros para Portugal e Irlanda, com as agências de notação financeira, três bruxas de mau vaticínio, a assustar os investidores com as suas notas.

O problema do mercado da dívida já se fazia sentir em Portugal em 2005, segundo explicou João César das Neves numa palestra da acção Educação, Cultura e Desenvolvimento promovida pelos centros de formação de professores de Caldas da Rainha e Bombarral. Mesmo assim, Sócrates prosseguiu com a expansão da despesa seguindo uma orientação europeia. Por isso, o défice salta de 3,7% em 2008, para 10,2% do PIB em 2009.

A política de austeridade tem diminuído o défice em termos absolutos, mas em relação ao PIB ele mantém-se alto (4,9% em 2012, na verdade, 6,6 se não incluirmos o encaixe da Ana), porque o PIB também tem descido (PIB desce 1,4 em 2010 e 1,8 em 2011).

Resumindo, temos que gastar menos, mas produzir mais ou, pelo menos, não diminuir a produção) o que não está a acontecer.

Noutros artigos, De Grauwe tem-me explicado que a solução é, de fato, europeia - a Europa não pode estar toda a fazer austeridade. Esta devia ser apenas para os países do sul, com défices elevados, não para os do norte. O problema dos juros devia ser resolvido com o BCE a comprar maciçamente dívida dos países com programas de austeridade de modo a dar confiança ao mercado.

Ao dizermos que a solução é europeia e ao verificarmos que ela não aparece, só podemos concluir que a chave está na política europeia. Se a Europa impõe orientações políticas aos governos que nós elegemos, então temos que ser nós também a eleger essa Europa. Temos de acabar com a Europa dos comissários e das negociatas dos países grandes a impor medidas de acordo com o peso da sua economia, dos efeitos do seu abrir ou fechar os cordões à bolsa e não de acordo com o peso eleitoral dos seus cidadãos.

O sistema financeiro tem de ser verdadeiramente unificado. Já que temos a mesma moeda, temos que ter também as mesmas instituições bancárias e a solidariedade na emissão de dívida, com uma relação clara entre orçamento comunitário e orçamento nacional. Não podemos ter países que pagam a sua dívida ao preço da chuva e outros que a pagam com o preço do seu sangue. Os países do sul e outros países médios e pequenos com problemas económicos similares podem ter um peso eleitoral favorável na eleição dum verdadeiro parlamento europeu e dum verdadeiro governo e presidência europeia.

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