SócratesPolítica
Sou bastante conservador nos meus hábitos eleitorais. Em vez de procurar saber quem devo eleger, tento, antes, descobrir se é a altura de deixar de votar em quem costumo. E nunca se me ofereceu situação mais fácil do que a actual. Não é por o nome Sócrates me levar para um dos terrenos em que gosto de estar: o da reflexão, do debate, da crítica.
Por esse lado, votaria neles todos, um de cada vez, está claro: Sócrates, Platão, Aristóteles, São Tomás, Bacon, Espinosa, Descartes, Voltaire, Kant, Hegel, Marx, Nietsche, Wittgensetein, etc. Porque foi assim que fiz a minha formação filosófica: historicamente. Sempre convencido de que o último arrumava todos os anteriores. Devo dizer que nessa altura tinha parado em Marx, que com uma das "teses sobre Feuerbach" tinha arquivado todos os filósofos anteriores.
Nada mais falso. Depois de me ter distanciado de Marx e dos seus seguidores, recuperei o tempo perdido, olhando para muitos dos anteriores, e outros, posteriores, que estavam marginalizados.
Não que isso venha ao caso com este Sócrates. É só a questão do nome. Não sei se ele passou por isto que eu disse. Em todo o caso, parece-me que não é tema que possa discutir com Santana.
A verdade é que gostaria de pensar um bocadinho sobre política, gostaria que fosse mais difícil decidir para exercitar o meu gosto pela reflexão. Não, não é preciso.
Sim, num dia, em que até o Bloco de Esquerda se inclinou reverentemente perante a vidente de Fátima, não é mesmo possível pensar.
É só esperar e votar.