Minas e armadilhas na PACC
Há várias, mas, neste artigo, vou só analisar uma delas. Pertence à prova específica de Português, nível 1.
1. Na translineação, os grupos consonânticos mantêm-se juntos quando
- (A) formam codas silábicas complexas.
- (B) são ataques complexos de sílaba.
- (C) são pronunciados juntos.
- (D) constituem dígrafos.
A expressão "grupos consonânticos" refere entidades fonéticas e fonológicas e não letras. Esta é a primeira armadilha em que o professor do primeiro ou do segundo ciclo pode cair. Por exemplo, "nh" e "lh" são dígrafos que representam, cada um, uma única consoante. Portanto, não se põe a questão de ficarem ou não juntos, pois cada um deles é apenas uma unidade. Há outros dígrafos consonânticos em que as letras se separam na translineação - "ss" e "rr", por exemplo, e que não correspondem ao que é referido no enunciado.
Para a palavra "juntos" da instrução fazer sentido, tem de haver mais de uma consoante como acontece com os grupos br" (vertebrados) e "pl" (cataplasma), por exemplo. Isto é, a alternativa certa é a (B), dos "ataques complexos", que corresponde a esta situação.
O professor pode não fazer erros de translineação, conseguir pôr os seus alunos a translinear bem e, contudo, falhar nesta questão por não se lembrar do que são "ataques complexos de sílaba" ou o que são "codas silábicas complexas". Para verificar verdadeiramente a capacidade do professor neste domínio, substituir-se-ia esse palavreado técnico por expressões descritivas: (B) a sílaba tem mais de uma consoante à esquerda da sua vogal ou ditongo. Em (A), podia se dizer, por exemplo, "se encontram à direita da vogal ou ditongo da sílaba".
Quem elaborou o enunciado não quis avaliar nem a competência ortográfica do professor nem a sua capacidade para ensinar a translineação, mas apenas o seu domínio de uma terminologia desnecessária na sua prática letiva.