Cuba, como eventual destino de férias, deixou-me sempre renitente. Já fui à Tunísia, outra ditadura, mas Cuba era outra coisa, talvez por ter seguido a sua história, desde os anos 70, primeiro como uma espécie de alternativa saudável ao socialismo siberiano, numa época em que éramos todos marxistas e a questão não se punha entre democracia e socialismo, mas sim, entre as variantes de socialismo presentes no mostruário marxista-leninista.
A meio da década de 80, já tinha bem claro, que o que havia a mais em Cuba era apenas o sol que faltava ao Gulag. As notícias da fuga massiva de centenas de milhar de cubanos para os EUA e da repressão que eram alvo por parte do governo de Castro, a prisão de intelectuais e de tímidos políticos da oposição deixaram-me bem claro do que se tratava.
As perspectivas políticas abertas pela doença do líder encheram num primeiro momento de esperança muitos cubanos, para pouco depois os decepcionarem.
De um "site" cubano retirei estas palavras que resumem algumas das delícias que fazem o sonho de muitos cubanos:
"Se trata de poder comprar, con lo que ganamos decentemente en nuestro trabajo cualquier cosa que esté en el mercado y poder pagar con él todo tipo de servicio, como un teléfono móvil, el alquiler de un auto o un paseo por las costas de la isla. Que hospedarse en un hotel no constituya un premio sino un derecho; que acceder a Internet en nuestra casa no sea un delito; que nuestro país sea el sitio al que queramos volver siempre y no el lugar de donde no podemos salir si no tenemos un permiso... todo eso se está soñando."
(
http://www.desdecuba.com)
Agora que o Partido Comunista Português fez sua a nossa luta de professores descontentes e fez uma marcha em defesa da democracia ameaçada, gostaria de lhe perguntar o que pode fazer pelos cubanos que lutam por coisas que a maior parte de nós já tem. Qualquer coisa que não seja mais um elogio ao decrépito Comandante.