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Sem Rede

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

Sem Rede

08
Set10

Ideias feitas sobre a constituição das turmas

Redes

 

(de labirintosnosotao.com)

 

Estou a começar um novo ano lectivo cheio de expectativas. Como sou um simples professor e não faço parte da élite administrativa da escola, é sempre cheio de pontos de interrogação que olho para os expositores de listas de turmas e horários.

Que turmas me vão atribuir? Como são constituídas?

A este respeito, há muitas ideias feitas. Por exemplo, os alunos com comportamentos mais perturbadores devem ser dispersos pelas turmas e as turmas devem ser equilibradas quanto ao desempenho dos alunos.

Não me parece que com estas receitas se vá longe, pois a experiência tem-me mostrado frequentes casos em que um ou dois alunos podem perturbar muito uma boa turma sem que eles próprios saiam beneficiados dessa inclusão.

Dipersar alunos de baixo desempenho escolar pelas turmas aumenta a dificuldade do professor em acomodar tantos ritmos de aprendizagem diferentes. Provavelmente, seria melhor juntá-los de acordo com os seus pontos mais fracos, sejam a leitura, o cálculo, a ortografia ou a elaboração de pequenos textos, para terem o tempo da sala de aula totalmente dedicado ao nível em que se encontram.

E os horários das turmas? Como devem ser? Nas nossas escolas, há sempre turmas que têm as disciplinas de estudo (principalmente, Língua Portuguesa, Matemática, Língua Estrangeira e Ciências) da parte da tarde e outras, da parte da manhã. Algumas ainda têm a pouca sorte de ter essas disciplinas que exigem maior concentração aos últimos tempos.

Neste aspecto, tendo em conta os estudos que têm sido feitos, não tenho dúvidas: os alunos mais fracos devem ter prioridade em ter essas disciplinas de manhã e nunca aos últimos tempos da tarde.

Houve uma vez uma denúncia da nossa antiga ministra de as escolas colocarem as turmas de melhor desempenho da parte da manhã e as mais fracas à tarde. Acho que as escolas deviam tentar sair deste retrato. Como será na minha? Podia-se fazer uma análise estatística muito simples, com classes de rendimento da família e descobrir se a probabilidade de um aluno de um rendimento mais baixo ter o seu horário de manhã é maior ou menor do que um de um rendimento mais alto.

17
Mar09

Apartheid pedagógico (ou um bantustão de contentores)

Redes

Li que alunos ciganos foram colocados numa escola só para eles - uma escola de ciganos, com contentores em vez de salas.

Ouvi a senhora Directora Regional de Educação do Norte justificar tal medida com base nos princípios de "inclusão", "discriminação positiva" e de "tratar diferente o que é diferente".

Senti-me no meio dum lamaçal sociológico e antropológico em que os mesmos enunciados servem para fundamentar práticas contraditórias entre si.

Talvez muito do que se chama sociologia não passe afinal duma meta-linguagem ideológica que serve para traduzir grosserias num palavreado mais suportável. Ao lado do eduquês, temos, então,  como seu companheiro o sociologuês e o antropologuês.

A propósito dos conflitos entre ciganos e negros em bairros de realojamento, ouvi sociólogos dizerem que eles tinham sido guetizados e que para evitar tal coisa no futuro não se deveria criar bairros especiais de realojamento, mas antes dispersar as pessoas por bairros já existentes.

Em muitas escolas, evita-se criar turmas de ciganos ou de negros, para fugir ao estigma do racismo e da exclusão. Agora a inclusão significa o seu contrário, a separação das ditas crianças, que já que são "diferentes" têm que ser tratadas de maneira diferente.

É triste ver a sociologia e o relativismo antropológico e carnavalesco a impôr valores reaccionários e a interferir no que é do domínio pedagógico.

As crianças ciganas terão dificuldades pedagógicas tão grandes como muitas outras crianças que não o são. Se se criassem turmas com base em níveis de desempenho na leitura ou na escrita para facilitar o trabalho pedagógico, teríamos um critério funcional que agruparia numa mesma turma crianças portuguesas de diferentes origens, mas com um denominador pedagógico comum, a trabalhar com um professor sobre aquilo que precisam de aprender.

Há um abismo entre a diferenciação étnica e a pedagógica. Esta interpela o indivíduo, aquela as comunidades, lembrando-lhes sempre, não fossem elas esquecer-se, da sua diferença em relação aos que apenas são portugueses, sem etnia. Basta lermos as revistas dos gabinetes de informação sul-africanos da década de 70, a elogiarem o desenvolvimento separado, os enormes recursos colocados à disposição do Kwazulu, para compreendermos os riscos deste enredo.

Agora se se fazem turmas de ciganos em contentores,  qualquer dia fazem-se turmas de negros em biombos, e por aí adiante.

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