"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) -
Wittgenstein.
"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) -
Wittgenstein.
De acordo com a publicação acima referida, Portugal é um dos países com menos dias de trabalho perdidos por causa das greves, no periodo entre 2000 e 2007. Há pois mais retórica nas lutas sindicais do que acção propriamente dita. Anunciam-se greves, sindicatos e patrões digladiam-se nas contas e o resultado é apenas este: cerca de 25 dias de faltas grevistas por cada mil trabalhadores!
Há várias razões que me levaram a fazer greve, na sua maior parte comuns às da maioria dos outros professores, mas suspeito que nem todos tem exactamente os mesmos motivos. Por exemplo, não fiz greve por causa: - do aumento da componente lectiva que resultou da contabilidade dessas horas deixar de incluir os cargos, o trabalho na Biblioteca, as aulas de apoio, etc. No meu caso, foram 6 horas a mais de trabalho diversificado que tenho que fazer na escola, para além do trabalho de preparação de aulas, de avaliação de trabalhos dos alunos, de preparação de materiais, etc. que faço frequentemente a desoras. Acrescento que os cargos que tenho implicam ainda mais trabalho em casa para serem desempenhados com um mínimo de rigor. - dos insultos à nossa classe pela senhora ministra da educação, pois a minha dignidade profissional não depende nem dos elogios nem dos insultos da responsável pela pasta da educação. E sou indiferente à electrizante e infantil resposta que muitos professores endereçam à ministra. - do aumento da idade de reforma que parece que é para toda a gente, embora haja uns que perdem mais do que outros. Fiz greve porque, para além destas mudanças, a senhora ministra, quero dizer, o governo, querer ainda impor-nos: - um sistema de avaliação equívoco, com critérios de excelência burocráticos e duvidosos e com intervenientes que por definição não têm competência para tal. - uma progressão na carreira limitada por vagas artificiais. - um processo de negociação em que os nossos representantes sindicais são mal ouvidos de tal maneira que parece a greve ter sido convocada pelo Ministério ao nos sugerir indirectamente que a façamos para provar que os sindicatos nos representam realmente. Estamos num momento de dificuldades financeiras para o país e parece que quem não se defender levará a pior parte nos sacrifícios que estão a ser pedidos aos portugueses.