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Sem Rede

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

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05
Nov11

Relocalização

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Operário americano da Master Lock

(in http://www.uaw.org/articles/some-jobs-finally-return-master-lock)

Há várias empresas americanas a abandonar a China para voltar a produzir nos Estados Unidos Eis um exemplo: Some jobs finally return at Master Lock. Não pensem que se trata de um caso singular. O título do artigo do Expresso em que me baseio é sugestivo: "China devolve 3 milhões de empregos aos EUA".

Este movimento teria que acontecer num momento ou noutro. A economia tem muito a ver com os vasos comunicantes. Se os salários chineses sobem, as vantagens competitivas perdem-se, pois há muitos outros custos que penalizam as exportações chinesas: tarifas alfandegárias, transporte, etc.

Mas há um fator que não é tido em conta no artigo que li hoje no Expresso, Economia sobre este assunto. Se o destino dos produtos que marcas americanas produzem na China é o mercado americano, os americanos têm que ter rendimentos para serem esse mercado. Se estão no desemprego, têm menor poder de compra.

À medida que sobem os salários chineses, diminuem os americanos - os vasos comunicantes de que falei atrás. Assim, a Ford paga o trabalho a 14 dólares à hora, menos 10 dólares do que há cinco anos atrás. Acrescenta-se que a descida salarial americana não tem que chegar ao nível salarial chinês, pela simples razão de os americanos serem muito mais produtivos - diz um fabricante de cadeados que os americanos produzem 30 vezes mais cadeados. A diminuição do nível de vida não segue na mesma proporção, pois os preços também se mantém baixos, ou diminuem numa economia baseada na livre concorrência.

Creio que a crise europeia é uma peça neste reajustamento entre as economias emergentes e as economias desenvolvidas do velho e do novo mundo: "Eles sobem, nós descemos".

30
Out11

Salário médio anual

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Um salário médio anual de 11.689 euros é a marca da nossa presença na estatística da OCDE, isto é, na cauda da Europa, atrás da Eslovéna que aderiu recentemente à União Europeia.

Imagine agora o leitor, se esse é o salário médio, como será uma pessoa com o salário mínimo, isto é, com menos de 7000 euros por ano.

Veja-se em Aventar a publicação da tabela da OCDE num post de Carlos Fonseca.

30
Jan11

Salários de professores na Europa.

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Os salários mensais dos professores europeus em 2008 variavam muito. Portugal é um dos países onde o salário de início de carreira mais evolui relativamente ao salário final. Este é superior apenas ao de estados recentes na União Europeia. O salário de fim de carreira (3000 euros) é superior aos da Grécia (2100 eurros) e da Itália (2900 euros), aproxima-se muito dos da Suécia (3300), Espanha (3350) e Finlândia (3100). Pelo que aqui se apresenta, vale a pena ser professor, sobretudo, na Áustria, na Holanda e na lgica (salários superiores a 4500 euros).

Este estudo considera que em termos de PPP (pucrcahse power parity), isto é, paridade do poder de compra, os salários portugueses de fim de carreira representam mais 500 euros por mês (3500 euros). Mas o que se apresenta nesta tabela são os salários nominais (3000 euros).

Creio que importa termos bem clara esta informação em todos os raciocínios comparativos que fazemos.

(gráficos retirados de Comparative study of teacher's pay in Europe). AQUI

27
Set06

Salários em relação ao PIB

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Um estudo da OCDE concluiu que os professores portugueses ganham muito relativamente ao PIB do país. Esses números têm estado a ser utilizados na comunicação social como arma de arremesso contra a classe docente.

Quem o faz esquece-se de si próprio, isto é, não coloca o seu próprio vencimento em questão  confrontando-o com o PIB. Como ficariam os vencimentos dos políticos portugueses e de outras pessoas que vivem à custa do orçamento de estado, como é o caso dos gestores públicos e dos magistrados - classes que funcionam como vasos comunicantes da classe política - , se comparados com os de outros países relativamente aos respectivos PIB? Seria interessante que tais dados fossem apresentados. Ouvimos, por exemplo, que o salário secreto de Victor Constâncio supera em valor absoluto o do presidente da Reserva Federal dos EUA. Se pusermos isso em relação ao PIB, talvez concluamos que o governador do nosso Banco Central ganha o triplo do seu colega americano! Ora, ninguém mais do que este senhor se tem esforçado no sentido de impedir o incremento salarial dos funcionários públicos!

16
Nov05

Vencimentos de gestores, políticos, amigos e companhia

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Não reagi à notícia sobre o vencimento de Victor Constâncio por achar que eles devem ganhar o mesmo que eu, que devem ganhar pouco ou que devem ganhar muito. Foi a comparação com Greenspan que me deixou atordoado. Fiquei a pensar em como se justifica um vencimento desses. Tentei justificar para salvar a minha consciência socialista. Tentei mesmo racionalizar.

Talvez eu esteja enganado ao continuar a pensar que os socialistas são aquela gente simpática que chegou à conclusão de que os homens podem ser irmãos sem revoluções sangrentas; que o socialismo pode ser filho da democracia e não da ditadura do proletariado. O que nos diferenciava dos comunistas era sobretudo o caminho e a defesa das liberdades que os outros apodavam de burguesas e não tanto o fim em si da igualdade substancial entre os trabalhadores e, não apenas formal.

Sei que hoje em dia toda a gente reconhece o mercado e a livre inciativa empresarial como parte do conjunto de liberdades individuais que a democracia deve garantir. Mas ainda assim alguma coisa há-de diferenciar os socialistas dos liberais, dos conservadores e dos democrata-cristãos. Acho que uma das diferenças é nós não considerarmos o mercado um lugar de justiça. Primeiro porque nem todos chegam em igualdade de circunstâncias ao mercado. Depois, porque o mercado em si tem muitas distorções à livre concorrência. E mesmo, num modelo ideal de mercado, de entre dois trabalhadores igualmente competentes, o empresário tem de despedir um porque deixou, em determinado momento, de haver lugar para dois, após investimentos em novas tecnologias, por exemplo, ou numa deslocalização.

Vem este arrazoado a propósito da tentativa de compreender esses altíssimos salários dos nossos administradores. Um dos argumentos apresentados é o do mercado: esse salário é estabelecido pelo mercado. É curioso gente socialista utilizar esse tipo de justificações. Onde está o serviço público, a militância, essa treta toda? Não existe... é tudo uma questão de mercado. Será que há um mercado para escolher o governador do Banco de Portugal?

Num mercado de trabalho, o empresário estabelece um salário o mais baixo possível para atrair um trabalhador com as competências requeridas. A questão é: não haverá ninguém suficientemente competente disponível para o cargo por um salário inferior? Por outras palavras: estaria a entidade empregadora interessada em pagar o mínimo possível pela máxima qualidade? Não? Então, não há mercado.

Um conceito muito interessante em teoria económica é o da diferenciação: quando um produto atinge um elevado nível de diferenciação, escapa às leis da concorrência. O trabalho da publicidade é fazer isso. Já não queremos um par de calças, mas sim umas "Levis". O objecto escapa ao mercado das calças e, mesmo, das "jeans" para se afirmar como coisa única.

No caso do cargo de administrador do Banco de Portugal, a diferenciação é total, pois há quatro ou cinco pessoas na calha, que são os únicos que podem vir a assumir esse cargo. São pessoas que fizeram carreira política desde o princípio ao fim, mesmo que tenham tido empregos em empresas. Quem os selecciona são os amigos de ontem e de agora, políticos no activo. Esses senhores podem pôr o salário que quiserem. Não há patrão. Os limites estão apenas na opinião pública, portanto, no jornalismo de investigação.

Como querem ombrear com os administradores do sector privado onde as regras são outras, embora também longe do que se possa considerar "mercado", servem-se de salários principescos.

Talvez a teoria económica marxista nos ajude a compreender esses salários. Se não há um mercado para os gestores, não há compra de força de trabalho, há sim, partilha da mais-valia. Os gestores são representantes dos próprios capitalistas, são os seus capatazes no processo de exploração capitalista. Portanto, os patrões partilham os lucros com os seus gestores. Por isso se compreende que os gestores de muitos grupos económicos sejam da família dos patrões: vejam-se os Mello, os Espírito Santo, os Rostchild, etc... até os próprios recentíssimos Azevedos. Ora se os grandes acionistas põem os seus familiares na direcção das suas empresas, não se pode falar em... mercado de trabalho de administradores, pelo menos nesses níveis.

Quando o nível de decisão é político, o partido do governo dá como prémio de carreira a certos militantes, representações do accionista Estado em várias empresas. Já vimos a distribuição: Fernando Gomes & Cia. São prémios de carreira. São custos a pagar por militantes politicamente gastos ou que não se afoitam à luta política por cargos mais dignos, mas menos lucrativos. Não acredito que faça qualquer diferença em termos estratégicos para o Estado, estar lá o Fernando Gomes ou outro qualquer do PSD.

Após as eleições, chega sempre a hora de repartir o bolo. Se é assim, compreende-se perfeitamente que o vencimento de Víctor Constâncio tenha sido aumentado pecisamente no momento em que nos pedem mais sacrifícios. A retórica do Défice passou por ele. O cálculo do Défice para o novo governo foi o principal instrumento para nos convencerem a aceitar a diminuição da idade de reforma e o congelamento das carreiras. A sua capacidade em nos impor esses sacrifícios justificam plenamente esse aumento. Aliás, ele serve para pouco mais do que ajudar o patrão Estado a conter os seus trabalhadores.

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