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Sem Rede

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

"Sobre aquilo de que não conseguimos falar, é melhor calarmo-nos." (Was sich überhaupt sagen lässt, lässt sich klar sagen; und wovon man nicht sprechen kann, darüber muss man schweigen) - Wittgenstein.

Sem Rede

29
Nov13

Diálogo sobre a desigualdade social

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"Vamos começar o nosso diálogo socrático sobre a desigualdade social seguindo algumas das lições do nosso longínquo mestre".

 "Muito bem, estou de acordo, mas se me permites poupemos aos nossos leitores aquela parte em que Sócrates se encontra com o seu interlocutor e lhe pergunta de onde ele vem e para onde vai. Ora, todos sabem de onde vens e, quanto a mim, fico-me aqui por estas linhas"

 "Pois bem, sei das tuas limitações espacio-temporais. Mesmo assim, tens feito alarde das tuas posições marxistas (não ortodoxas, como gostas de assinalar) críticas da desigualdade. Não estás sozinho nisso. Aparentemente, não falta gente de direita e de esquerda a falar contra a desigualdade social"

"Começamos pelo termo, pois é muito frequente as palavras serem uma fonte de enganos, apesar de sem elas não nos podermos entender. Quem se afirma contra a desigualdade é defensor da igualdade. Não estás de acordo?"

"Bem, isso não oferece a menor dúvida"

"Também te parece que a desigualdade social implica desigualdade no rendimento"

"Claro. O essencial é mesmo a desigualdade económica. Os liberais é que parecem querer convencer-nos que os pobres são assim por inclinação ou por preguiça incurável"

"Defendes então a igualdade de rendimentos, isto é, que toda a gente deve ganhar a mesma coisa"

"Sou a favor de alguma igualdade de rendimentos, mas não de uma igualdade absoluta"

"Sejamos rigorosos, não há mais ou menos igualdade, só há igualdade. A desigualdade é que é graduável. Devo, então concluir que és defensor da desigualdade..."

"Eh lá, isso agora ofende-me"

"Mas então se recusaste a igualdade, só podes ser a favor da desigualdade."

"Bem, o que eu pretendo é que a desigualdade diminua"

"Então tu e todos os outros paladinos são de uma forma geral defensores da desigualdade e não propriamente da igualdade. Mas revoltam-se contra o grau de desigualdade e querem diminuí-la?"

"Mas diminuir muito, quero enfatizar isto"

"Só te fica bem e podes crer que os teus companheiros de luta dessa nobre causa não serão tão diferentes assim. Tanto mais que tu és um dos beneficiados com a desigualdade de rendimentos no teu país, pois ganhas três vezes o salário médio em Portugal. A questão que te quero pôr é se achas realmente que a tua praxis vai no sentido de luta contra a desigualdade."

"Bem sei que sou um privilegiado, apesar de me estar sempre a queixar de falta de dinheiro e andar à procura de expedientes para aumentar o meu rendimento. Mas tenho lutado contra o sistema capitalista que causa tudo isto, tenho feito manitestações e greves e voto sempre nos que lutam pelo socialismo."

"Lembro-me que, há cerca de quinze anos, o teu sindicato argumentou que os vossos salários tinham que subir porque tinha aumentado o salário mínimo e a razão entre o vosso salário e o mínimo tinha-se degradado e tu participaste na vitoriosa greve que alterou a estrutura da tua carreira e aumentou estrondosamente o teu vencimento. Achas que essa luta aumentou ou diminuiu a desigualdade de rendimento?"

"Acho que diminuiu porque nós queríamos ganhar o mesmo que pessoas com as nossas qualificações académicas já ganhavam noutros setores"

"Achas então que a luta contra a desigualdade faz-se reivindicando aumentos que nos aproximem dos que ganham mais do que nós e impedindo que diminua a distância que nos separa dos que têm menores rendimentos?"

"Bem, quer dizer, cada grupo luta por si."

"E eu não estou contra isso. O problema é enquadrarem isso com um discurso ideológico que fala de igualdade real, contra a igualdade fomal da democracia burguesa. Por ti próprio, verificas que isso é falso. A única maneira de compreender as lutas dos trabalhadores atualmente é o que tu disseste "cada grupo por si". Queremos ser um corpo especial, com uma carreira própria, para aumentarmos as hipóteses de sucesso na reivindicação de mais regalias. E nisso não diferimos de todos os outros grupos corporativos. Não vemos um comunista chegar ao pé de nós e dizer: vocês já ganham muito relativamente ao resto do povo, deixem-se de reivindicações, agora vamo-nos preocupar só com os jovens desempregados e com os desempregados de longa duração. A hipocrisia está aí: querer sustentar uma praxis corporativa com o palavreado duma luta por um socialismo igualitarista.

30
Jun10

Um povo encarcerado

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Después de una negativa, la mayoría de los que solicitan un permiso de viaje desiste de volver a pedirlo. Pocos, muy pocos, siguen insistiendo cuando ya han escuchado más de tres veces la escueta frase “Usted no está autorizado a viajar”. Sólo un puñado de testarudos –entre los que me incluyo– regresa al Departamento de Inmigración y Extranjería para reclamar la llamada tarjeta blanca si se la han negado en cuatro ocasiones. Aunque con cada nueva petición parecería que las posibilidades se vuelven más remotas, me impulsa el dejar claro que mi reclusión en esta Isla no ha sido por no haber agotado todos los caminos legales.

 

Veja a continuação no blogue Generación Y, editado por Yoani Sánchez, em Havana

19
Jun10

Socialismo venezuelano

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(Daqui: (http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/jornal-de-brasilia/2010/05/22/chavez-confisca-100t-de-comida)

 

"Não há comida nas lojas, mas a oposição diz que há 75 mil toneladas de alimentos a apodrecer nos armazéns" - Onde é que eu já vi isto?

Foi nas lojas do povo de Moçambique. Prateleiras vazias. Contudo, conhecíamos líderes de empresas estatais e funcionários intermédios, em casa dos quais apareciam os produtos em falta e outros. Por vezes, a anedota era notícia propalada de boca em boca. Alguém tinha visto numa loja do interior rural, produtos de luxo, como perfumes, mas falta de arroz, óleo e sabão. Os produtos, em vez de irem para as prateleiras das lojas, apareciam no mercado negro a cinco ou seis vezes o preço tabelado.

Antes das nacionalizações, havia uma extensa rede de cantineiros, a maior parte de origem portuguesa e indiana. Essas pessoas compravam os produtos dos camponeses - amêndoa de cajú, milho e etc. - e vendiam-lhes o que eles precisavam. Conheciam o seu mercado e não se arriscavam de ânimo leve a colocar nas suas prateleiras coisas esquisitas que os poderiam levar a perder dinheiro. Para funcionários do sistema estatal trata-se apenas de se desembaraçar de stocks que não lhes pertencem. Têm apenas de os despachar para as lojas.

E isso está a acontecer na Venezuela. De pouco adianta acusar os funcionários de corrupção, como muitas vezes vi em Moçambique. O mercado é um sistema em que cada um prossegue os seus fins e as decisões fazem-se pelo confronto de milhares de decisões individuais. Nenhum sistema de planificação central consegue substituir a eficácia do mercado. E, depois, por mais que se diga o contrário, os gestores do sistema estatal não deixarão nunca de fazer prevalecer os seus interesses privados dentro do Estado.

Chavez está a levar a Venezuela para o empobrecimento dum socialismo centralizado. Agora quer nacionalizar a maior empresa de produção alimentar do país.

Os críticos do governo de Chávez  afirmam que a escassez de alimentos  ocorre pela opção pelo socialismo  do governo que, na opinião  deles, reduz a produção de alimentos,  que está cada vez mais nas mãos  do setor público.

O presidente afirma que o problema  está no setor privado, em  companhias como a Polar que, segundo  ele, exportam secretamente  produtos para lucrar mais, em vez de  vendê-los na Venezuela, onde os  preços são controlados. (página do Itamaraty, Negócios Estrangeiros do governo brasileiro, http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/jornal-de-brasilia/2010/05/22/chavez-confisca-100t-de-comida)

Quem será que tem razão?

02
Mar08

Desde Cuba

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Cuba, como eventual destino de férias, deixou-me sempre renitente. Já fui à Tunísia, outra ditadura, mas Cuba era outra coisa, talvez por ter seguido a sua história, desde os anos 70, primeiro como uma espécie de alternativa saudável ao socialismo siberiano, numa época em que éramos todos marxistas e a questão não se punha entre democracia e socialismo, mas sim, entre as variantes de socialismo presentes no mostruário marxista-leninista.
A meio da década de 80, já tinha bem claro, que o que havia a mais em Cuba era apenas o sol que faltava ao Gulag. As notícias da fuga massiva de centenas de milhar de cubanos para os EUA e da repressão que eram alvo por parte do governo de Castro, a prisão de intelectuais e de tímidos políticos da oposição deixaram-me bem claro do que se tratava.
As perspectivas políticas abertas pela doença do líder encheram num primeiro momento de esperança muitos cubanos, para pouco depois os decepcionarem.
De um "site" cubano retirei estas palavras que resumem algumas das delícias que fazem o sonho de muitos cubanos:
"Se trata de poder comprar, con lo que ganamos decentemente en nuestro trabajo cualquier cosa que esté en el mercado y poder pagar con él todo tipo de servicio, como un teléfono móvil, el alquiler de un auto o un paseo por las costas de la isla. Que hospedarse en un hotel no constituya un premio sino un derecho; que acceder a Internet en nuestra casa no sea un delito; que nuestro país sea el sitio al que queramos volver siempre y no el lugar de donde no podemos salir si no tenemos un permiso... todo eso se está soñando."
(http://www.desdecuba.com)
Agora que o Partido Comunista Português fez sua a nossa luta de professores descontentes e fez uma marcha em defesa da democracia ameaçada, gostaria de lhe perguntar o que pode fazer pelos cubanos que lutam por coisas que a maior parte de nós já tem. Qualquer coisa que não seja mais um elogio ao decrépito Comandante.

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