Socialismo venezuelano
"Não há comida nas lojas, mas a oposição diz que há 75 mil toneladas de alimentos a apodrecer nos armazéns" - Onde é que eu já vi isto?
Foi nas lojas do povo de Moçambique. Prateleiras vazias. Contudo, conhecíamos líderes de empresas estatais e funcionários intermédios, em casa dos quais apareciam os produtos em falta e outros. Por vezes, a anedota era notícia propalada de boca em boca. Alguém tinha visto numa loja do interior rural, produtos de luxo, como perfumes, mas falta de arroz, óleo e sabão. Os produtos, em vez de irem para as prateleiras das lojas, apareciam no mercado negro a cinco ou seis vezes o preço tabelado.
Antes das nacionalizações, havia uma extensa rede de cantineiros, a maior parte de origem portuguesa e indiana. Essas pessoas compravam os produtos dos camponeses - amêndoa de cajú, milho e etc. - e vendiam-lhes o que eles precisavam. Conheciam o seu mercado e não se arriscavam de ânimo leve a colocar nas suas prateleiras coisas esquisitas que os poderiam levar a perder dinheiro. Para funcionários do sistema estatal trata-se apenas de se desembaraçar de stocks que não lhes pertencem. Têm apenas de os despachar para as lojas.
E isso está a acontecer na Venezuela. De pouco adianta acusar os funcionários de corrupção, como muitas vezes vi em Moçambique. O mercado é um sistema em que cada um prossegue os seus fins e as decisões fazem-se pelo confronto de milhares de decisões individuais. Nenhum sistema de planificação central consegue substituir a eficácia do mercado. E, depois, por mais que se diga o contrário, os gestores do sistema estatal não deixarão nunca de fazer prevalecer os seus interesses privados dentro do Estado.
Chavez está a levar a Venezuela para o empobrecimento dum socialismo centralizado. Agora quer nacionalizar a maior empresa de produção alimentar do país.
Os críticos do governo de Chávez afirmam que a escassez de alimentos ocorre pela opção pelo socialismo do governo que, na opinião deles, reduz a produção de alimentos, que está cada vez mais nas mãos do setor público.
O presidente afirma que o problema está no setor privado, em companhias como a Polar que, segundo ele, exportam secretamente produtos para lucrar mais, em vez de vendê-los na Venezuela, onde os preços são controlados. (página do Itamaraty, Negócios Estrangeiros do governo brasileiro, http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/selecao-diaria-de-noticias/midias-nacionais/brasil/jornal-de-brasilia/2010/05/22/chavez-confisca-100t-de-comida)
Quem será que tem razão?